Tanques russos em Kiev e uma "invasão de toda a Ucrânia": pistas e suspeitas do que Putin pode fazer a seguir

Henrique Magalhães Claudino , Artigo atualizado às 10:05
25 fev 2022, 09:09

A capital ucraniana acordou ao som de explosões e com o exército russo a aproximar-se do centro da cidade de Kiev. Estados Unidos falam em "cerco" e Reino Unido garante: "planos de Putin passam por “invadir toda a Ucrânia”

As sirenes voltaram a tocar na Ucrânia, num momento em que o presidente do país que está a ser alvo do maior ataque na Europa desde a Segunda Guerra Mundial prometeu permanecer em Kiev, capital que na manhã desta sexta-feira luta contra o avanço dos militares russos.

Depois de dezenas de civis e militares terem sido mortos no primeiro dia completo de combates, a capital acordou esta sexta-feira ao som de explosões e com o anúncio do Ministério da Defesa ucraniano de que os russos já entraram em Kiev. A notícia surge depois do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ter dito que Kiev "pode ​​muito bem estar sob cerco". 

Blinken, em entrevista ao canal norte-americano CBS esta quinta-feira à noite, afirmou que Putin quer "reconstituir o império soviético" e que Kiev já estava "sob ameaça, e poderia estar sob cerco". Temendo um ataque russo à capital, milhares de pessoas refugiaram-se no subsolo da cidade através das estações de metro, como testemunhou uma equipa da CNN Portugal no terreno.

 

Ucranianos passam a noite no metro de Kiev (EPA)

 

Também Anton Herashchenko, conselheiro do Governo ucraniano e assessor do Ministério do Interior, afirmou à agência Reuters que as forças de defesa ucranianas esperam um ataque de tanques russos em Kiev durante esta sexta-feira, o que pode intensificar ainda mais os conflitos armados. No entanto, Herashchenko disse à agência Reuters que os militares ucranianos estavam armados com mísseis antitanque fornecidos por aliados ocidentais.

Ucranianos, desesperados para sair de Kiev, pedem boleia na beira da estrada (Pedro Mourinho/CNN Portugal)

 

Na mesma linha, a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, referiu que as unidades do exército ucraniano estavam a defender as suas posições em quatro frentes, apesar de estarem em menor número, quando comparadas com as forças russas.

Tiros foram também ouvidos mais tarde perto do bairro do governo, ao mesmo tempo que líderes ocidentais agendavam uma reunião de emergência e o presidente da Ucrânia pedia ajuda internacional para afastar um ataque que poderia derrubar Executivo, causar baixas em massa e causar impactos à economia mundial.

Entre os sinais de que a capital ucraniana está cada vez mais ameaçada, os militares disseram na sexta-feira que um grupo de espiões e sabotadores russos foram vistos em Kiev a cerca de 5 quilómetros do do centro da cidade. Antes, fontes militares disseram à AP que as forças russas apreenderam dois veículos militares ucranianos e estavam a caminho da capital, com o intuito de se infiltrarem sob o pretexto de serem locais.

 

Ainda durante a manhã desta sexta-feira, o secretário de Defesa do Reino Unido, durante uma entrevista à Sky News, reiterou que os planos de Putin passam por “invadir toda a Ucrânia”. Contudo, Ben Wallace garantiu que a estratégia russa de invasão está “atrasada” e que, nas últimas 24 horas, “a Rússia não conseguiu alcançar nenhum dos seus objetivos”. 

“Ao contrário daquilo que alegam e, de facto, da visão do presidente [Vladimir] Putin de que de alguma forma os ucranianos se juntariam à sua causa, está completamente errado”, acrescentou Wallace ao canal britânico.

Os planos de Vladimir Putin que o Reino Unido denuncia vão ao encontro do alerta que o ministro dos da Europa e dos Assuntos Estrangeiros francês deixou durante a manhã desta sexta-feira. Jean-Yves Le Drian disse que o presidente da Rússia quer tirar a Ucrânia do “mapa de Estados”, acrescentando que “a segurança” do líder ucraniano foi ameaçada pela ofensiva russa em curso.

“A guerra é total. O presidente Putin decidiu (…) retirar a Ucrânia do mapa de Estados”, disse Jean-Yves Le Drian à rádio France Inter.

Por outro lado, Beatrice Fihn, Nobel da Paz e Diretora Executiva da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares, escreveu um artigo para o jornal Politico esta quinta-feira onde avisa que Putin “tornou-se cada vez mais beligerante na frente das armas nucleares, mostrando um desrespeito pelo direito internacional e promovendo uma escalada perigosa do conflito”.

No artigo, Fihn escreveu que o cenário nuclear iminente do conflito está a destacar-se  e apelou a que seja dada uma “resposta oportuna e uam ação rápida para limitar o risco de uma catástrofe irreversível”.

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