Rússia detém oito suspeitos da explosão na ponte Kerch - e tem toda uma teoria sobre o plano deste ataque

12 out 2022, 09:26
Ponte Kerch (Vera Katkova/Anadolu Agency via Getty Images)

Investigação do Serviço Federal de Segurança da Rússia diz que operação foi organizada pela Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia. Porta-voz do ministro do Interior da Ucrânia garante que investigação russa não merece comentários

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) revelou que deteve cinco russos e três cidadãos da Ucrânia e da Arménia pela explosão que danificou a ponte da Crimeia, avança a Interfax.

Segundo a agência russa, o FSB avança que os detidos participaram na preparação do crime e que a explosão foi organizada pela Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia e pelo diretor da mesma, Kyrylo Budanov.

"O organizador do ataque terrorista na ponte da Crimeia foi a Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, o diretor Kyrylo Budanov, os empregados e os agentes", avança o FBS.

Por sua vez, um oficial ucraniano considerou a investigação russa como "sem sentido", dizendo ainda que o Comité de Investigação e o FSB são "estruturas falsas que servem o regime de Putin" e que os seus comunicados não irão ser comentados pela Ucrânia.

"Toda a atividade da FSB e do Comité de Investigação é sem sentido", afirmou o porta-voz do ministro do Interior da Ucrânia à Suspilne, citado pelo The Guardian.

O que diz a FBS?

De acordo com a Interfax, os detidos são os ucranianos Tsyurkalo Mikhail Vladimirovich, de 47 anos, Kovach Denis Olegovich, de 43, Solomko Roman Ivanovich, de 49, Inosaridze Sandro (cidadão da Geórgia), um intermediário chamado "Levan", e Terchanyan Artur (cidadão da Arménia), de 37 anos. Os cidadãos russos não foram identificados. 

A investigação revelou ainda que os explosivos "foram camuflados em rolos com uma película de polietileno de construção em 22 paletes com um peso total de 22.770 kg", que depois foram enviados, no início de agosto, "do porto de Odessa para a cidade búlgara de Ruse". A carga voltou a cruzar a fronteira entre a Geórgia e a Rússia a 4 de outubro e terá sido entregue na base de Armavir dois dias depois. 

"A 7 de outubro deste ano, com a assistência de R. Solomko, o cidadão ucraniano Zlob Vladimir Vasilyevich, nascido em 1987 (35 anos), e cinco outros cidadãos estabelecidos da Rússia, alteraram os documentos para a carga novamente, indicando como remetente LLC "TEK-34" (Ulyanovsk) e como destinatário uma empresa inexistente na República da Crimeia", relata o FSB citado pela Interfax.

As paletes terão sido então carregadas no camião do cidadão russo Yusubov Makhir, de 49 anos, "que deixou Simferopol, e a 8 de outubro, às 6:03, quando seguia na ponte da Crimeia, explodiu".

“Ao mesmo tempo, o controlo da movimentação de cargas ao longo de toda a rota e os contactos com os participantes do esquema de transporte criminoso foram realizados por um funcionário da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa, que se apresentou como “Ivan Ivanovich”, que usou para coordenação um número virtual anónimo comprado online e registado para um cidadão da Ucrânia, residente na cidade de Minsk: Kremenchug Andreychenko Sergei Vladimirovich, nascido em 1988", acrescenta o FSB.

O Serviço Federal de Segurança da Rússia continua com as investigações e garante que todos os responsáveis serão chamados à justiça.

A ponte da Crimeira, designada ponte de Kerch, declarada objetivo militar por Kiev, foi inaugurada em 2018 pelo Presidente russo Vladimir Putin, ao volante de um camião Kamaz. No sábado, um camião explodiu no final da madrugada, provocando um incêndio em seis tanques de combustível de um comboio de vagões-cisterna e provocou o colapso de duas secções da parte rodoviária da ponte, para além dos 1,3 quilómetros de via-férrea danificados.

A explosão agravou a tensão na guerra entre Rússia e a Ucrânia, com as forças russas a bombardearem massivamente o território ucraniano, em ataques que fizeram, pelo menos, 19 mortos e mais de uma centena de feridos.

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