Será que o povo russo é a favor do uso da força militar com vista à união com a Ucrânia? O retrato da crise através de uma sondagem exclusiva da CNN

23 fev 2022, 22:48

Sondagem foi realizada entre os dias 7 e 15 de fevereiro e teve por base mais de 2.000 entrevistas online realizadas dos dois lados da fronteira

Metade dos russos apoia o uso de força militar para impedir a Ucrânia de aderir à NATO, mas apenas 36% consideram correta esta intervenção se o objetivo for a reunificação dos dois países. Estas são duas conclusões de uma sondagem exclusiva da CNN divulgada esta terça-feira.

Por outro lado, e numa altura em que o mundo se prepara para a guerra, 43% dos russos estão contra o uso de força militar com vista à união dos dois países, depois de a Rússia ter reconhecido a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk.

E se os russos estão divididos quanto ao uso da força, a maioria dos ucranianos está contra o uso da mesma - sete em cada dez, seja para impedir a Ucrânia de aderir à NATO (70%), seja para reunificar os dois países (73%). A maioria dos ucranianos, aliás, defende que eles e os russos não são “um povo”, mesmo que dois em cada três russos (64%) digam que são.

Para os russos, a Ucrânia na NATO é um problema porque “se as forças da NATO se deslocarem para tão perto da Rússia isso constituiria uma ameaça existencial e, como tal, não pode ser permitido”, explica o jornalista russo veterano Vladimir Pozner à CNN.

Já os ucranianos vão mais longe na análise à adesão. “A Rússia moderna tem a síndrome de impérios em colapso. A perda destas terras é vista como uma injustiça histórica que deve ser retificada, inclusive pela força. E a Ucrânia é a joia da coroa que está a ser roubada pela NATO”, defende a analista ucraniana Orysia Lutsevych.

Apesar das notícias que dão conta da presença de milhares de soldados nas fronteiras com a Ucrânia, apenas 13% dos russos acreditam na invasão. Aliás, dois em cada três russos (65%) esperam mesmo uma resolução pacífica do conflito e 75% não acreditam sequer na possibilidade de a Ucrânia poder atacar a Rússia.

“Os russos sabem o que os líderes do Ocidente andam a dizer sobre o assunto, as suas declarações são amplamente divulgadas na comunicação social. E o sentimento geral é que o Ocidente, de facto, quer que a Rússia ataque a Ucrânia porque isso seria uma vantagem para o Ocidente, por isso está a incitar a Rússia a atacar”, observa Vladimir Pozner, considerando ainda que os russos sabem que o seu país seria o principal derrotado deste conflito, mesmo perante uma vitória militar.

Já os ucranianos que acreditam num desfecho pacífico não passam dos 43%, enquanto outros tantos acreditam que as tensões vão dar lugar à guerra. Até porque 73% dos ucranianos consideram que o exército russo já está na região separatista de Donbass. Quanto aos russos, apenas um em cada cinco acredita nessa presença militar em Donbass.

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