Laços, símbolos e discursos. Como os Óscares lembraram a guerra na Ucrânia

28 mar 2022, 04:52

Cerimónia teve um minuto de silêncio para relembrar a guerra, e houve quem tivesse deixado um apelo a Joe Biden. Volodymyr Zelensky não chegou a falar, o que pode deixar Sean Penn em apuros

De forma mais simbólica ou mais presente, a guerra na Ucrânia foi sempre um tema na 94.ª edição dos Óscares. Logo à entrada, vários artistas apresentaram pequenos pormenores nos fatos e vestidos que levaram. Foi o caso de Benedict Cumberbatch, que anteriormente se tinha candidatado ao programa britânico para receber refugiados.

De resto, grande parte da mensagem ia, não diretamente para a guerra, mas para a crise de refugiados que a mesma está a provocar. Em breve serão mais de quatro milhões as pessoas obrigadas a abandonar o seu país. Isso mesmo motivou a criação de laços azuis com a hashtag #comosrefugiados. O realizado Pedro Almodóvar ou os atores Youn Yuh-jung e Tyler Perry decidiram utilizar e mostrar esses mesmos laços.

Os atores Benedict Cumberbatch e Jason Momoa foram mais criativos, e decidiram levar adereços com as cores da bandeira ucraniana nas lapelas dos fatos.

Mas a questão política adensou-se para a cerimónia. No discurso de agradecimento do Óscar para melhor Curta de Documentário, por “The Queen of Basketball”, o realizador Bem Proudfoot direcionou palavras para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden: “Tragam a Brittney Griner para casa”. O cineasta referia-se a uma jogadora norte-americana profissional de basquetebol que está detida na Rússia por suspeitas de tráfico de droga.

Num momento para recordar os 50 anos do primeiro filme da saga “O Padrinho”, os atores Al Pacino e Robert De Niro subiram ao palco com o realizador Francis Ford Coppola. Após algumas palavras, o cineasta deixou um “Viva a Ucrânia” para finalizar.

Pelo meio, um momento solene apresentado pela nativa ucraniana Mila Kunis. O Dolby Theatre calou-se e fez um minuto de silêncio pelas vítimas, enquanto no ecrã aparecia a seguinte mensagem: "

"Gostaríamos de ter um momento de silêncio para mostrar apoio ao povo da Ucrânia que está a enfrentar uma invasão, um conflito e prejuízo no seu próprio território. Enquanto um filme é uma forma importante para expressarmos o nosso humanismo em tempos de conflito, a realidade é que milhões de famílias na Ucrânia precisam de comida, de cuidados médicos, de água potável e de serviços de emergência. Recursos são escassos, e nós - coletivamente como comunidade global - podemos fazer mais. Pedimos que apoiem a Ucrânia de qualquer forma possível. #FiquemaoladodaUcrânia", leu-se.

Antes, Mila Kunis lembrou a "força e dignidade" dos ucranianos. Recorde-se que a atriz e o seu marido, Ashton Kutcher, já conseguiram angariar 30 milhões de dólares (cerca de 27 milhões de euros) para ajudar o povo ucraniano.

Chegou até a pensar-se que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participaria por vídeo, mas isso não chegou a acontecer. Recorde-se que Amy Schumer, uma das apresentadoras, tinha assumido o desejo de convidar o chefe de Estado da Ucrânia.

Antes da cerimónia, o ator Sean Penn, vencedor de dois Óscares, prometeu “derreter em público” as suas estatuetas caso Volodymyr Zelensky não falasse na cerimónia.

“Não existe nada mais importante que a Academia possa fazer do que dar-lhe a oportunidade de falar para todos nós”, disse, referindo que uma eventual omissão seria “o momento mais obsceno na história de Hollywood”.

Sean Penn tem sido um dos rostos mais ativos desde que a guerra começou. De resto, o ator continua na Europa, sendo que estava a filmar um documentário na Ucrânia no dia em que a invasão se consumou. Resta saber se o ator vai cumprir o prometido.

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