Será que a paz está próxima? Apenas a Crimeia separa Putin e Zelensky

2 abr 2022, 23:17

Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin podem encontrar-se na Turquia. A notícia está a ser avançada um dia após o presidente turco, Tayyip Erdogan, ter telefonado para ambos. A chamada, na sexta-feira, "parecia confirmar que ambos estão prontos para marcar uma reunião num futuro próximo", disse o negociador ucraniano David Arakhamia

David Arakhamia, membro da equipa de negociação ucraniana que está em conversações com a Rússia, disse que o Kremlin respondeu de forma positiva às posições ucranianas em várias questões e existe a possibilidade de "consultas diretas" entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o presidente russo Vladimir Putin.

Esta possibilidade, segundo o negociador, está a ser facilitada, em parte, pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan. "Anunciamos a nossa posição ucraniana em Istambul", disse Arakhamia em declarações que foram emitidas nos canais nacionais. "E a Federação Russa deu uma resposta oficial a todas essas posições, que aceitam essa posição, exceto a questão da Crimeia", acrescentou. 

Autoridades ucranianas delinearam a sua visão de um rascunho para um potencial acordo de paz, que incluiria um possível estatuto neutro para a Ucrânia, apoiado por uma ampla aliança de garantias de segurança.

Mas o estatuto da Crimeia - anexada pela Rússia em 2014 - tem sido um ponto de discórdia nas possíveis negociações entre os dois países. A Ucrânia, e a maior parte da comunidade internacional, consideram a península como ocupada ilegalmente. O Kremlin diz consistentemente que o estaturo da Crimeia está resolvido.

O lado ucraniano sublinhou que houve acordo para suspender as negociações sobre o estatuto da Crimeia durante 15 anos, mas o lado russo não confirmou, e o Kremlin reiterou publicamente a sua posição de que a Crimeia faz parte da Rússia. Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, disse que não havia confirmação oficial dessas posições por escrito.

No entanto, o negociador David Arakhamia acrescentou: "Oralmente, a partir de ontem, em videoconferência, ouvimos que o lado russo não se opõe a tais posições [ucranianas]".

Arakhamia destacou a possibilidade de um encontro entre Putin e Zelensky, referindo que os rascunhos dos documentos para um acordo de paz estão “suficientemente desenvolvidos para realizar consultas diretas entre os dois líderes, os presidentes da Ucrânia e da Federação Russa”.

Portanto, disse, a nossa tarefa agora é preparar a etapa final não do documento em si, mas das questões que já abordámos, e preparar uma possível reunião dos presidentes."

Mas estas movimentações em torno de um possível acordo de paz não impediram Zelensky de voltar a criticar as agressões russas. Especialmente durante este sábado em que as tropas ucranianas recuperaram o controlo total da região de Kiev. 

 

 

Esta reconquista permitiu a partilha de mais informações sobre o que aconteceu nas comunidades durante a invasão russa. Uma das cidades onde a destruição foi mais notável foi em Bucha, onde cerca de 300 pessoas foram enterradas "em valas comuns" e onde as autoridades descobriram cerca de 20 corpos de civis foram alinhados numa rua.

Numa mensagem ao final da noite de sábado, o presidente ucraniano advertiu para o facto de a Rússia estar concentrada em controlar a região Este e o Sul da Ucrânia. No vídeo publicado nas redes sociais, o chefe de Estado criticou o ocidente por não fornecer sistemas anti-míssil suficientes para combater os avanços de Putin no país.

Zelensky também sublinhou "os feitos heroicos" das forças ucranianas que estão a defender a cidade cercada de Mariupol, referindo que a sua resistência estava a permitir que outras cidades ganhassem tempo para se defenderem.

"Agradeço a todos que saem às ruas em cidades temporariamente ocupadas. Para todos que não têm medo e saem. Para todos que têm medo e saem. E quando as pessoas protestam - e quanto mais pessoas protestam, mais difíceis será para os invasores. Esta é a nossa luta conjunta! E chegará a nossa vitória conjunta", disse o presidente ucraniano

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