Rússia terá gastado mais de 300 milhões para influenciar políticos em dezenas de países desde 2014

13 set 2022, 21:21
Vladimir Putin celebra o dia da Marinha em São Petersburgo (EPA/ANATOLY MALTSEV)

O montante terá sido transferido a dezenas de países desde 2014

A Rússia terá gastado mais de 300 milhões de dólares (o mesmo valor em euros) a tentar influenciar políticos e partidos em dezenas de países, desde 2014, revela o Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), citado pela agência de notícias Associated Press.

Numa declaração classificada como "sensível", mas não confidencial, enviada nesta terça-feira a várias embaixadas e consulados norte-americanos, o secretário de Estado, Antony Blinken, cita uma avaliação dos serviços de informação sobre os esforços secretos de Moscovo para apoiar políticas e partidos pró-Rússia em dezenas de países em todo o mundo. Embora não mencione os países em causa, o responsável refere que os Estados Unidos estão a fornecer informação classificada para selecionar países individuais.

Os serviços da informação dos EUA acreditam que Moscovo planeia transferir "pelo menos centenas de milhões" de euros no financiamento de partidos e políticos pró-Rússia em todo o mundo. Manifestando preocupações em relação a estes dados, Blinken instrui os diplomatas norte-americanos a discutir com os respetivos governos sobre esta interferência russa.

Este é o mais recente esforço da administração Biden para desclassificar informação sobre as ambições militares e políticas de Moscovo, e surge depois das avaliações sobre uma invasão russa da Ucrânia - que acabaram por se revelar corretas.

Um alto funcionário da administração Biden, que falou sob condição de anonimato, recusou revelar quanto dinheiro a Rússia terá gastado na Ucrânia, por exemplo, onde o presidente Volodymyr Zelensky e seus principais deputados há muito que acusam Vladimir Putin de interferir na política nacional. A mesma fonte refere ainda que foram descobertas provas de influência russa nas recentes eleições na Albânia, Bósnia e Montenegro.

O funcionário rejeitou ainda comparações entre as atividades da Rússia e o financiamento dos EUA aos media e iniciativas políticas em todo o mundo, assinalando que Vladimir Putin estava a gastar elevadas quantias para "manipular as democracias". Ao contrário dos esforços declarados por governos estrangeiros para fazer lobby por iniciativas da sua preferência, a influência secreta da Rússia envolveu a utilização de falsas organizações (como think tanks na Europa e empresas estatais na América Central, Ásia, Médio Oriente e Norte de África) para canalizar dinheiro para determinadas causas ou políticas. 

A embaixada russa em Washington ainda não comentou esta informação.

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