Rússia ergue 800 quilómetros de barreiras para parar a contraofensiva ucraniana

17 abr 2023, 13:53
Estacas e uma cerca. A fronteira entre a Rússia e a Finlândia, junto a Imatra. 19 março 2023. Foto: Alessandro Rampazzo/AFP via Getty Images

Barreira começa na fronteira russa com o oblast de Lugansk, continua através dos territórios ocupados do oblast de Donetsk, segue ao longo do oblast de Zaporizhzhia, correndo ao longo do rio Dnieper ao passar por Kherson e termina com a proteção do acesso à península da Crimeia

A Rússia ergueu uma linha tripla de valas, cones de betão, torres de metralhadoras e bunkers ao longo de 800 quilómetros para proteger os territórios que ocupou na Ucrânia, avança o El País. Segundo o jornal, desde a II Guerra Mundial que não se via nada igual, sendo que os obstáculos são semelhantes aqueles que foram utilizados há 80 anos, mas serão mais fáceis de ultrapassar, de acordo John Helin, historiador finlandês.

O objetivo das fortificações, que estão a ser erguidas desde o verão passado, é parar a contraofensiva ucraniana depois dos aliados de Kiev terem acelerado a entrega de dezenas de veículos de combate que conseguem ultrapassar estes obstáculos. 

Segundo o jornal espanhol, que cita o trabalho de análise de imagens feito por Brady Africk, a Rússia realizou trabalhos de fortificação em todo o comprimento e largura dos territórios ocupados - na linha da frente mas também em municípios distantes da linha da frente. 

Para especialistas como Javier Jordán, professor de Ciência Política na Universidade de Granada e diretor do grupo de análise de defesa Global Strategy, e Stephen Biddle, professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, este tipo de trabalhos não eram vistos desde a II Guerra Mundial. "Não existem diferenças qualitativas nestas estruturas de defesa relativamente à II Guerra Mundial", afirmou Jordán ao El País.

A barreira construída pelos invasores começa na fronteira russa com o oblast de Lugansk, continua através dos territórios ocupados do oblast de Donetsk, segue ao longo do oblast de Zaporizhzhia, correndo ao longo do rio Dnieper ao passar por Kherson e termina com a proteção do acesso à península da Crimeia.

Apesar da linha defensiva "formidável", que em certas frentes de combate chega a ter três linhas de defesa paralelas ao longo de 120 quilómetros com cerca de 15 quilómetros de distância, o historiador finlandês John Helin salienta que os cones de betão usados pelos russos estão apenas colocados no chão e podem ser removidos com um bulldozer e que os bunkers não são sólidos como os dos anos 80.

Os especialistas consideram mesmo que a abertura de múltiplas valas e a criação de campos de minas e de ninhos para metralhadoras não é eficaz defensivamente sem o devido apoio de fogo de artilharia. "Não há missão mais difícil do que planear e executar um ataque combinado contra uma linha de obstáculos", considera o major-general Mick Ryan, ao analisar o conflito para o jornal espanhol. 

Por sua vez, Javier Jordán, professor de Ciência Política na Universidade de Granada e diretor do grupo de análise de defesa Global Strategy, diz mesmo que o exército ucraniano pode mesmo estar acima da superioridade da força três para um que a teoria militar sugere ser necessária em operações ofensivas relativas à defesa e que, qualquer que seja a superioridade, o número de baixas e perdas materiais será enorme.

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