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"Pedro Proença está bem colocado para ser o próximo presidente da FPF". A Mensagem de Rui Santos para a "democracia da bolha"

10 jul 2024, 20:03

Fechada a participação de Portugal no Europeu, interessa perceber o que aí vem

Daqui a pouco menos de dois meses teremos o arranque da Liga das Nações, durante a qual Portugal jogará, numa primeira fase, ainda este ano, entre Setembro e Novembro, com Croácia, Escócia e Polónia, sendo que os jogos em casa serão realizados nos Estádios da Luz (os dois primeiros) e no Dragão (com os polacos). 

Não mudará nada de essencial, em ano de eleições na FPF. 

Aliás, as eleições federativas até poderão ser realizadas em 2025, apesar de se achar que terão lugar em Dezembro deste ano, o que significa que o arranque da próxima qualificação para o Mundial de 2026 (com jogos entre Março e Novembro de 2025) já acontecerá debaixo da jurisdição dos novos órgãos sociais da FPF e, portanto, com um novo presidente. 

Portanto, vamos ter Fernando Gomes, Roberto Martínez e quase 100% da base da seleção que ficou nos ‘quartos’ do Europeu na Liga das Nações, o que significa que não vai mudar nada de essencial no imediato, embora ainda não esteja totalmente fechado o capítulo Cristiano Ronaldo (…), e só isso pode fazer mudar o essencial. 

E quem será o novo presidente da FPF? 

Isso estará nas mãos de 84 pessoas que fazem parte do sistema eleitoral federativo. Um sistema a partir do qual nunca se podem esperar grandes mudanças, porque ele reflecte a cristalização dos  vícios crónicos do futebol português. 

O sistema eleitoral federativo reflecte aquilo a que chamo uma “democracia de bolha”. A democracia… da bolha. O futebol e a discussão em torno das grandes necessidades para uma efectiva mudança na modalidade (alguém a quererá, verdadeiramente?) nunca se fará apenas com os conservadores contributos de quem circula dentro da bolha.  

Prova evidente de que a bolha manda mais do que aquilo que devia foI a espécie de “nomeação” que a própria Federação fez do atual secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, que salta para a política e para o governo de dentro da própria FPF, onde era vogal da Direção com a “pasta” do futsal. Querem algo mais sintomático e expressivo?… 

Por isso, para a sociedade ter uma palavra a dizer no presente e no futuro de uma instituição de utilidade pública, seria preciso mudar o sistema eleitoral e encontrar uma solução jurídica que sustente o necessário rebentamento da bolha. 

Só que isso é mais complexo do que escalar o Evereste. 

Entretanto (até porque a bolha não vai rebentar tão cedo), quem será o próximo presidente da FPF? 

Ainda cheguei a pensar que Luís Figo poderia ser uma solução, tentada por Fernando Gomes para ser uma espécie de extensão do “craveiro-gomismo”, mas Figo já chegou à conclusão de que não tem apoios suficientes para se lançar a esta aventura, e, de resto, ninguém estaria a ver Luís Figo, nas suas deambulações entre Associações, de Castelo Branco a Bragança e de Guarda a Évora, a trocar o caviar pelas bifanas no carvão… 

…E, por isso, para tentar estugar o passo a Pedro Proença, neste momento a figura com mais possibilidades de ser o próximo presidente da FPF, visto pela actual nomenclatura como um ‘enfant terrible’, dono da sua própria agenda mas sem estar completamente capturado por nenhuma das frentes futebolísticas nacionais, Fernando Gomes  não terá outra solução senão em achar que Nuno Lobo, a cumprir o último mandato na presidência da AF Lisboa, possa funcionar como a sua EMEL, capaz de bloquear as rodas da viatura de Proença, e impedi-lo que entre pelo edifício federativo adentro com sensores capazes de detectar intransparências… 

Fernando Gomes chegou a sonhar, numa primeira fase, com Hermínio Loureiro, e mais recentemente com José Couceiro e Rui Moreira, mas também percebeu que nenhum deles reúne as condições para avançar e ganhar. 

Voltarei ao assunto, porque o tema é quente e promete.

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