Com o foco no Europeu de Futebol na Alemanha, Rui Santos impõe uma “pausa necessária” e pergunta à Liga e à FPF se o que está a acontecer no processo de transição (necessária) do FC Porto não obrigaria a uma tomada de posição: por que razão domina o silêncio?…
Agora em pleno defeso, com as atenções concentradas no Europeu, e se quisermos deitar um olho no que está a acontecer com a preparação da próxima época, numa pausa necessária, o Sporting vive um momento de maior encantamento por força do título de campeão nacional, muito por mérito próprio mas também das “demissões” — por motivos distintos — de Benfica e FC Porto, encantamento esse que resulta do estado de graça de Ruben Amorim e Viktor Gyökeres junto dos adeptos.
Rui Costa está a fazer tudo pela sua presidência e pela sobrevivência como presidente do Benfica. Ele sabe que, para esse efeito, a fórmula mais rápida de conseguir inverter este ciclo de alguma impopularidade junto da massa associativa, é através do comportamento desportivo da equipa principal das ‘águias’.
A margem de manobra está muito curta.
Um mau começo de temporada do Benfica vai colocar Rui Costa e Roger Schmidt debaixo de fogo, com o reacendimento das labaredas.
É preciso um extintor.
Pelo que se percebe, Rui Costa está a tentar remendar as más apostas de há um ano, tentar construir uma equipa para ser campeã nacional e essa é a sua prioridade.
Pavlidis tem de dar certo. A aposta num lateral esquerdo absolutamente titular não pode voltar a ser um flop.
Rui Costa acredita que a resolução dos pontos fracos que a equipa denunciou na época passada vai salvar a sua presidência e recolocar o Benfica numa posição dominante.
É, de facto, a ferramenta mais óbvia para fazer a reparação.
Mas o Benfica precisa de muito mais do que isso.
Precisa de uma competente equipa de gestão;
Precisa de ser mais efectiva no plano comunicacional.
E precisa, acima de tudo, de encontrar um rumo, uma estratégia — e isso não será possível enquanto não se livrar dos tiques e das técnicas da presidência anterior, que teve méritos mas falhou clamorosamente os compromissos que um clube (ainda por cima com o estatuto de utilidade pública) deve ter com a reputação e a transparência.
Não basta dizê-lo.
É preciso tomar decisões, que são difíceis, pois claro, mas que são essas que atestam a força das lideranças.
O Sporting limpou, o FC Porto está a limpar e o Benfica atrasou-se nesse “processo de limpeza” iniciado no futebol em Portugal, e que está a atingir um ponto interessante na história, com uma aposta paradigmática nas melhores práticas e não em soluções artificiais e à custa de mecanismos de compadrio, no pior dos sentidos.
Veja-se o que está a acontecer no FC Porto: anos e anos a glorificar práticas que resultaram em prejuízo para a instituição portista.
Um dano que resultava claro para quem não se achava comprometido com essa prática de “distribuição de benesses”, a montante e a jusante, até que as autoridades agiram.
O ‘movimento associativo”, garantido o mais básico funcionamento da democracia (eleições livres), fez o resto.
O que está a acontecer com o FC Porto (acendimento das luzes vermelhas, ao ponto de poder condicionar a participação em provas da
UEFA, obrigado a cinto apertado no último furo do cinto da contenção) devia fazer pensar o país futebolístico.
O que diz a isto a Liga? O que diz a isto a FPF?
Nada. Nada vezes nada.
Está tudo dito.