Rio primeiro-ministro ou muleta do PS? Cinco pontos para entrar no Congresso do PSD

17 dez 2021, 08:50
Rui Rio festeja vitória nas diretas do PSD (José Coelho/Lusa)

Santa Maria da Feira é o palco da vida social-democrata neste fim de semana. As eleições de 30 de janeiro são o principal horizonte. Mesmo depois da disputa interna, Rui Rio ainda tem opositores para calar

Rio primeiro-ministro ou Rio muleta do PS?

Por muito que o programa do 39º Congresso do PSD possa contar com diferentes temas, os trabalhos vão andar à volta de uma grande questão: como ganhar as eleições legislativas de 30 de janeiro? Depois da reafirmação na corrida interna contra Paulo Rangel, Rui Rio traça agora a estratégia aos militantes. O centro, diz, é o seu território para ganhar confiança dos companheiros de partido e do próprio país. Ao longo das últimas semanas, a possibilidade de um “bloco central” entre o PSD e o PS tem alimentado críticas internas. Rio tem reforçado apenas, em nome da governabilidade e do interesse nacional, que o partido que perder as eleições deve estar disponível para viabilizar um eventual governo minoritário do partido que vencer. Para tal, insiste, é preciso uma “negociação séria”, que pode passar por um acordo parlamentar. Mas discutir à direita, para criar alianças, também é caminho aberto: os sociais-democratas submetem-se ao sufrágio sem coligações mas as conversações com o CDS-PP e o Iniciativa Liberal não são, neste momento, algo a descartar. Só o Chega de André Ventura estará excluído destas contas.

Paulo Rangel: opositor ou unificador?

Depois da corrida interna, uma das vozes que mais se aguarda neste Congresso do PSD é a de Paulo Rangel. A CNN Portugal sabe que o eurodeputado vai fazer um discurso virado para o país, sobre os grandes temas e problemas que marcam a vida coletiva. As divisões internas ficarão em segundo plano, comprovadas pela decisão do social-democrata de não integrar qualquer lista a órgãos do partido. O discurso terá lugar no sábado. Na plateia não estarão antigos líderes do PSD como Pedro Passos Coelho, Luís Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite, que já confirmaram a sua ausência desta reunião magna do partido.

12 moções, os temas de sempre

Neste Congresso do PSD parece haver vida para lá das eleições. Mas, verdade seja feita, as 12 propostas temáticas que vão ser discutidas ao longo deste fim de semana não são mais do que as matérias que alimentarão a campanha de janeiro. Críticas às desigualdades territoriais e ao processo de descentralização não são novidade nos últimos anos de Rui Rio mas ganham agora o reforço das estruturas partidárias. Na discussão vai também entrar em cena a reforma do sistema político e eleitoral - para a qual o PSD até já apresentou propostas para reduzir o número de deputados. Os congressistas terão direito a voto eletrónico. Mas, em todo o caso, o papel estará à mão.

Os homens do presidente

Renovação ou continuidade? Rui Rio parece alinhar pela segunda nas escolhas para os cabeças de lista aos órgãos nacionais do partido. O atual líder surge à frente na lista para a Comissão Política Nacional do partido. Já Paulo Mota Pinto voltará a ser o candidato à presidência da Mesa do Congresso, que pode ser descrito como o parlamento social-democrata. Nuno Morais Sarmento anunciou, durante a campanha para as diretas, que não iria declarar apoio público a nenhum dos candidatos nem pretendia voltar a integrar a Comissão Política Nacional, onde tinha assento como vice-presidente de Rui Rio desde 2018. Mas é a escolha para ficar à frente do Conselho de Jurisdição Nacional, visto como o tribunal do partido. Uma das novidades é a escolha do histórico militante e fundador do PSD, Pedro Roseta, para encabeçar a lista para o Conselho Nacional. Rui Morais, vice-presidente do PSD de Braga, é o candidato à Comissão Nacional de Auditoria Financeira. José Silvano mantém-se como o secretário-geral laranja.

Uma mudança para contas (ainda mais) certas

O 39º Congresso do PSD chegou a estar agendado para Lisboa mas, quase à última da hora, mudou-se para Santa Maria da Feira. A pandemia foi um dos aspetos a ditar a alteração da reunião magna dos sociais-democratas. O Europarque terá maior capacidade para acolher os 750 congressistas, observadores e convidados, com intervalos de segurança mais generosos. Mas neste caso, a alteração também permitiu ao PSD melhorar as contas, já que o recinto é “substancialmente mais barato” do que a primeira opção na capital.

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