“Estamos prontos”. Rio quer acabar com “má memória” dos "anos perdidos" com o Governo PS

19 dez 2021, 14:21
Rui Rio no 39.º Congresso Nacional do Partido Social Democrata (Estela Silva/Lusa)

As críticas à governação socialista foram muitas - e até dedicadas, pasta a pasta -, mas o presidente do PSD promete ser "a diferença" sem, no entanto, "destruir" o que foi feito

Não era para ser uma “visão clubística”. O discurso de Rui Rio no encerramento do congresso do PSD, este domingo, em Santa Maria da Feira, começou com um elogio ao “diálogo” e ao “entendimento” entre partidos, mas acabou por ser uma longa lista de críticas aos anos de governação à esquerda.

Com “falta de rigor” e “excesso de facilitismo”, segundo Rui Rio, os últimos seis anos de Governo de António Costa levaram ao “esgotamento de uma solução política de má memória”.

Para convencer a plateia (e, mais ainda, os eleitores), analisou dossiês, como o Novo Banco e a TAP, e setores inteiros, como a Educação, a Saúde e o Ambiente. Fez promessas, definiu uma espécie de mini-programa eleitoral e acabou a garantir: “Estamos prontos para assegurar a diferença.”

Com reformas, sem “nenhuma revolução” e sem “destruir tudo o que os outros fizeram”. Rio tem um plano: cativar os portugueses “de forma sensata, mas corajosa e realista”.

“Gastar” e “esbanjar” do PS, com exemplos do Novo Banco, TAP e EDP

Na sua análise aos seis anos de governação de António Costa, o presidente do PSD defendeu que, até à pandemia, esta foi feita à custa de uma “conjuntura muito favorável”.

Para Rui Rio, foram “delapidados” “larguíssimos milhares de milhões de euros” para convencer o PCP e o Bloco de Esquerda a aprovar os Orçamentos do Estado.

“Distribuir”, “gastar”, “esbanjar”. É assim que Rio vê o “tique imediatista do PS”, em conjunto com “a esquerda radical”, e que, na sua opinião, todos juntos, levaram a anos “perdidos” para a construção de um país “mais próspero”.

"Não houve verbas com sentido estratégico para incrementar o investimento público, nem para apoiar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas, mas não faltou dinheiro para o Novo Banco, para a TAP ou para perdões fiscais à EDP", acrescentou.

 

Cabrita teve direito a uma parte do discurso só para ele, mas não foi o único

Já se demitiu, mas não foi esquecido neste discurso. Para Rui Rio, Eduardo Cabrita “foi absolutamente desastroso” na Administração Interna, assim como o “prolongado e cúmplice apoio” do primeiro-ministro.

A morte de um cidadão ucraniano às mãos de inspetores do SEF “é uma vergonha nacional”, disse, mas foi este Governo que lançou “a desorganização, a permissibilidade e a fraca operacionalidade” desta organização, acrescentou.

Já na Educação, o ministro Tiago Brandão Rodrigues não foi nomeado, mas os professores captaram muitos elogios. "Um Governo do PSD terá de dar uma especial atenção aos professores", prometeu, para que sejam "conferidas a dignidade e as condições de trabalho que merecem".

Na Saúde, e mais uma vez sem referir o nome da atual titular da pasta (Marta Temido), Rui Rio desresponsabilizou o PSD pelo estado a que chegou o SNS, agora “novamente fragilizado”, “mais ineficiente” e “mais desumano”, porque só esteve no poder sete dos últimos 26 anos.

O líder social-democrata prometeu não deixar o SNS “à sua sorte”, sem “seguir a mesma lógica da esquerda mais radical”, para mudar “um ministério que, apesar de se chamar da saúde, na prática tem sido apenas da doença”.

Para terminar esta parte do discurso, pasta a pasta, Rui Rio agitou ainda a bandeira do ambiente e da neutralidade carbónica como um "imperativo ético que estamos obrigados a cumprir e cuja responsabilidade o PSD assume por inteiro".

As promessas já em jeito de campanha

Mais emprego, melhores salários, desenvolvimento tecnológico, aumento da produtividade, não “sufocar em impostos” a classe média e reforçar o incentivo aos jovens agricultores. A menos de um mês das legislativas, Rio já parece ter uma ideia do programa eleitoral, mas as medidas concretas ficam para depois.

Num “novo Governo", "com coragem” para fazer “reformas nos diversos setores”, o presidente do PSD prometeu ainda cortar apoios sociais “a quem os usa para se furtar ao trabalho”.

“Um novo Executivo que se distinga da governação socialista que, durante os últimos seis anos, adiou o país, por subordinação às forças de esquerda mais extremistas e por uma confrangedora falta de coragem para enfrentar os reais problemas de Portugal.”

Mesmo assim, voltamos ao início do discurso, porque, para Rui Rio, o diálogo entre partidos é "decisivo" e "inventar diferenças" é "um exercício inútil". Os dados, aliás, foram lançados ao longo deste congresso: o PSD quer ganhar as eleições com uma proposta centrista e, até lá, quer saber se pode contar com o PS de António Costa para qualquer cenário que se siga. 

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