Rio insiste: diretor da PJ não faria "festa" com a detenção de Rendeiro se não houvesse eleições

14 dez 2021, 22:48

O líder do PSD não se arrepende do tweet em que associa a detenção de Rendeiro a propaganda eleitoral. Rio voltou a insistir na crítica, ainda que admita que a "ironia" da publicação possa não ter sido a ideal. Sobre Pinho: não sabe se a detenção é "justa ou injusta"

Rui Rio não voltou com a palavra atrás e voltou a deixar duras críticas ao diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ). Depois do polémico tweet a sugerir que a detenção de João Rendeiro não passava de propaganda política, o presidente do PSD, numa entrevista à RTP3, acusou Luís Neves de ter feito uma "festa" e um "circo mediático" no dia em que foi anunciada a detenção do ex-banqueiro pelas autoridades sul-africanas. 

"Estou a criticar o diretor nacional da PJ, repito um cargo de nomeação do Governo, pelo facto de estar fazer uma festa de uma coisa que tem a sua normalidade. Anormalidade é deixar fugir o senhor", rematou.

Acrescentando ainda que Luís Neves aproveitou "o facto de a polícia sul-africana ter detido João Rendeiro para ir fazer um foguetório e beneficiar indiretamente o PS”.

"Se não houvesse eleições à porta, o diretor da PJ tinha um comportamento normal, dava uma conferência de imprensa, quando muito uma entrevista. Quando João Rendeiro fugiu, andou de canal em canal a dar entrevistas?".

Questionado se se arrependeu de ter feita aquela publicação no Twitter, Rui Rio referiu que as pessoas não o quiseram entender: "eu não me arrependo, agora, se calhar, a ironia podia ter sido menos fina e mais direta para mais pessoas entenderem. A maior parte das pessoas não é não entenderem, a maioria das pessoas não quis entender, o que é diferente".

"O Presidente da República não leu o meu tweet"

Já sobre as críticas implícitas do Presidente da República à publicação, Rio desvalorizou-as, dizendo que Marcelo não leu tweet.

"'É neste dia que o vamos pegar porque no dia 30 há eleições': se eu tivesse dito isso, o Presidente da República estava certo. Agora, o Presidente da República de certeza que não leu o meu tweet.". 

Rio sinalizou a diferença de atitude das autoridades policiais em relação à detenção de Rendeiro - “uma festa de todo o tamanho” - e à notícia de que o Ministério Público deixou prescrever processos sobre antigos governantes socialistas, no âmbito da investigação sobre Parcerias Público-Privadas.

"Não estou a dizer que a PJ está ao serviço do PS (…) Estou a dizer que o diretor da PJ durante um dia não fez outra coisa que não fosse andar de canal em canal no sentido de dar uma imagem positiva de um departamento sob controlo do Governo português", afirmou.

O presidente do PSD admitiu até que, no passado, e “em determinados processos”, pode ter havido “uma gestão de caráter político”, embora sem particularizar.

A posição do líder social-democrata diverge dos elogios que foram feitos à PJ ao longo do espetro político-partidário, pelo primeiro-ministro, António Costa, pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pela coordenadora do BE, Catarina Martins, pela direção do Chega e pelo presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo.

Na mesma entrevista, Rui Rio recusou comentar a detenção do ex-ministro Manuel Pinho, dizendo tratar-se de “um processo em concreto” que desconhece: "Não faço a mínima ideia se a detenção é justa ou injusta". 

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