Ex-dirigente do PSD encerrou o debate “Que Porto para 2045?”, organizado pelo movimento cívico Porto com Porto
O social democrata Rui Rio defendeu no Porto que os partidos políticos deveriam ser "reformados" porque se encontram “completamente enquistados” e com “uma dificuldade enorme” para dialogar com a sociedade.
“Como todos nós sabemos, uns mais, outros menos, por infelicidade minha sou dos mais, estão completamente enquistados e com uma dificuldade enorme em se abrir à sociedade e debater os problemas, fazem o debate sempre de uma forma clubista, de uma forma enquistada, em que os outros são todos maus e nós somos todos bons e nós somos todos uns desgraçados e os outros dão cabo da nossa vida”, afirmou Rui Rio que encerrou o debate “Que Porto para 2045?”, organizado pelo movimento cívico Porto com Porto.
No entender o antigo autarca do Porto e ex-dirigente do PSD, “é fundamental que os partidos se reformem e voltem a ter capacidade para dialogar com a sociedade. Ou digamos de outra forma, melhor ainda serem parte integrante da sociedade. Podemos esperar sentados, não irá acontecer. A não ser que a sociedade civil tenha ela a vitalidade necessária para de fora para dentro, obrigar à alteração dos partidos políticos”.
“Aquilo que tenho observado é que talvez os partidos não tenham sequer já capacidade para se regenerar. O que vai acontecer é aparecerem novos partidos, tenho a impressão que é mais fácil aparecerem novos partidos do que pedir àqueles que são institucionais que se reformem e que sejam capazes de se libertar das amarras internas e de se abrir à sociedade”, sublinhou.
Por isso, Rui Rio disse “aplaudir” o surgimento de um movimento, de uma associação ou de uma tertúlia, como o que foi criado pelo médico António Araújo, que hoje organizou a sua primeira grande iniciativa destinada a Segurança, a Mobilidade e o Urbanismo, as três áreas que foram identificadas pelo Porto com Porto como “as que mais preocupam os portuenses”.
Sobre estes problemas na cidade, Rui Rio fez um paralelo entre a situação que encontrou quando chegou à Câmara do Porto e a atualidade, referindo que “muita coisa está feita, muitas estruturas estão criadas” e “há muito mais turismo”, mas em termos de mobilidade Rio deixou críticas, nomeadamente, às obras que estão a ser feitas na avenida da Boavista.
“Não vou falar da destruição da avenida da Boavista, porque a vida já me ensinou que nós precisamos de algum tempo para acalmar e eu se fosse falar da destruição da avenida da Boavista, não sei se o conseguiria sem dizer uns palavrões”, disse no seu discurso de encerramento do encontro.
No final da cerimónia, a Lusa questionou-o sobre esta matéria, mas Rui Rio escusou-se a adiantar mais esclarecimentos, por considerar não estar em "condições emocionais de falar sem dizer palavrões”.