opinião
Diretor da CNN Portugal

Rendeiro no seu labirinto; Rio "picado" e pronto

20 dez 2021, 11:46

João Rendeiro, viajante em primeira classe da Qatar Airways, hóspede dos melhores hotéis de Joanesburgo e de uma elegante guest house junto ao mar em Durban não tinha, afinal, tudo sob controlo. Caçado às primeiras da manhã de um sábado, Rendeiro tem agora o seu banho de realidade. A África do Sul é este país de contrastes extremos; primeiro mundo para os brancos que nele vivem ou o frequentam e podem investir, África subdesenvolvida onde a luz falha, a internet tem dias e o sistema prisional é pesado e não apenas sobrelotado. O ex-banqueiro, escolheu o seu destino no sentido literal do termo e veremos agora o que lhe reservam os próximos capítulos, desde logo se apresenta recurso ou se guarda eventuais trunfos para a nova audiência a 10 de janeiro. Não é líquido que um jogador de xadrez como Rendeiro não tenha previsto a possibilidade deste movimento hostil, mas dentro duma cela e com contactos muito limitados com o exterior, ele sabe bem que deixou de controlar o tabuleiro e que a extradição é uma possibilidade muito forte.

Rui Rio confessa, com um sorriso malicioso, que afinal as eleições internas – que ganhou à justa e inesperadamente, fizeram dele o líder que não era. O congresso saiu-lhe bem, não apenas porque os adversários, elevando cinicamente a expectativa, tiveram que baixar a guarda, mas porque Rio foi assertivo em ambas as intervenções. Esteve melhor nas críticas ao PS que nas ideias que tem para o PSD e a campanha terá que servir para explicar mesmo ao que vem. Ser reformista, a velha máxima do PSD carece de tradução prática. Interessantes e não inocentes as referências, aliás muito aplaudidas, aos apoios excessivos do Estado que deixam pessoas em casa quando falta mão de obra. Rui Rio quer um partido ao centro, mas precisa de estancar o Chega e a Iniciativa Liberal. Ou tudo fica mais difícil.  

 

 

 

Colunistas

Mais Colunistas

Patrocinados