Rio não vai embora do PSD na sexta, pede contenção a Salvador Malheiro (e não só) e mantém-se contra "o espetáculo dos debates quinzenais"

2 fev 2022, 19:26

Quanto à polémica em torno do candidato do Chega a vice-presidente da Assembleia da República, o presidente do PSD desvaloriza a matéria e lembra que esta votação é secreta, cabendo a decisão a cada um dos deputados do hemiciclo

O ainda líder do PSD, Rui Rio, foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa esta quarta-feira no Palácio de Belém. À saída do encontro, o social-democrata remeteu as decisões sobre o seu futuro político para quinta-feira, após a reunião da comissão política nacional do partido. Rio abriu a si mesmo a porta de saída no domingo, depois de ter dito que não sabe como poderá ser útil após a maioria do PS

No entanto, Rio garantiu que vai tomar posse como deputado e que estará presente na votação do próximo Orçamento do Estado, em março. O presidente do PSD esclarece que ninguém deve esperar que num dia anuncie a demissão e no seguinte já não esteja no partido. “Vou tomar posse como deputado seguramente porque eu serei presidente do PSD no dia em que os deputados tomarem posse. Disso não tenha dúvida nenhuma. (...) No Orçamento de 2022 eu vou estar de certeza absoluta. Já disse que não sou de espetáculos. Não contem que amanhã eu diga que me vou embora e na sexta já não estou cá. Eu não faço isso. Eu cumpro as coisas como deve ser.”

Questionado sobre como viu o seu vice-presidente Salvador Malheiro apontar Luís Montenegro como alguém com boas condições para lhe suceder como presidente do PSD, Rio respondeu: “Ver não vi, mas contaram-me. Tudo aquilo que tem que ver com a vida interna do partido deverá ser debatido, na minha opinião, dentro do partido”.

Quanto ao conteúdo da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder da oposição garante que o encontro foi apenas para "cumprir um preceito constitucional" e que, perante os resultados das legislativas, não houve "nada de transcendente". Apesar da maioria socialista, Rui Rio mantém-se contra a a realização de debates quinzenais. O social-democrata concorda que será imperativo um "maior escrutínio e fiscalização", mas rejeita o "espetáculo parlamentar para abrir telejornais". “Para fazer espetáculo não contam comigo”, reiterou.

A polémica

O semanário Expresso noticiou terça-feira que uma maioria de deputado de esquerda estaria a preparar-se para chumbar o candidato do Chega a vice-presidente da Assembleia da República. Em reação à polémica, Rui Rio desvalorizou toda a situação e lembra que na eleição dos órgãos do Parlamento as lideranças partidárias não têm como controlar a votação dos deputados. O presidente social-democrata lembrou ainda que, quanto a esta matéria, “não há nenhum deputado que possa garantir o que seja”.

“Primeiro não sei qual é a pessoa, o deputado que o Chega vai apresentar. Quando disser quem é terei de ver com atenção porque deputados o Chega só tinha um. Só conheço um, todos os outros ninguém conhece. Depois chamo a atenção para um aspeto: aqui a posição dos partidos não é muito relevante, porque os vice-presidentes são eleitos por voto secreto dos deputados. Estão lá as urnas e cada deputado vota como entende.”

O Regimento da Assembleia da República, o documento legal que define e rege o funcionamento interno do Parlamento, prevê que os quatro grupos parlamentares com maior presença no hemiciclo indiquem os quatro nomes para vice-presidentes. Os candidatos são posteriormente submetidos a votação dos deputados e só são eleitos caso obtenham uma maioria absoluta.

Em entrevista à CNN Portugal, na terça-feira, André Ventura levantou ainda a hipótese de os partidos se estarem a preparar para promover alterações ao Rrgimento. Rio alerta para o perigo democrático de "dar a volta ao regimento porque não gostamos daquilo que o povo votou". “Em termos regimentais, seguramente. O povo votou e deu uma dada hierarquia: PS, PSD, Chega e IL. Não há que distorcer o que povo determinou nem pegar no regimento e dar a volta ao regimento porque não gostamos daquilo que o povo votou. Há democracia e respeitamos os resultados e a vontade popular.”

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