Juiz negacionista demitido pelo Conselho Superior de Magistratura

7 out 2021, 14:03
Rui Fonseca e Castro

Rui Fonseca e Castro, «não deixando de invocar a sua qualidade de juiz», publicou nas redes sociais, vídeos em que «incentivava à violação da lei e das regras sanitárias»

O Conselho Superior de Magistratura (CSM) decidiu esta quinta-feira por unanimidade demitir o juiz Rui Fonseca e Castro de funções, por várias infrações cometidas.

Entre as justificações para a demissão, o CSM aponta o facto de o juiz negacionista Rui Fonseca e Castro, «não deixando de invocar a sua qualidade de juiz», publicar nas redes sociais, vídeos em que «incentivava à violação da lei e das regras sanitárias» relativas à pandemia de covid-19.

A decisão foi comunicada aos jornalistas à porta daquela instituição pela vogal do CSM Inês Ferreira Leite.

Pouco antes da leitura da decisão, aproximou-se do local um grupo de manifestantes que apoiam o juiz, mas que acabaram por dispersar.

Segundo a deliberação do CSM, «a sanção de demissão implica imediato desligamento do serviço» do juiz Rui Fonseca e Castro, que pode ainda recorrer nos próximos 30 dias desta deliberação para o Supremo Tribunal de Justiça, embora o recurso não suspenda a decisão.

A decisão sancionatória, que já foi comunicada a Rui Fonseca e Castro e ao seu advogado, deve-se também ao facto de o juíz ter feito «afirmações difamatórias dirigidas a pessoas concretas e a conjuntos de pessoas».

O CSM apontou ainda a Rui Fonseca e Castro nove dias úteis consecutivos de faltas não justificadas e não comunicadas no início de março de 2021 "com prejuízo para o serviço judicial", uma vez que «implicaram o adiamento de audiências de julgamento já agendadas».

Por estas faltas injustificadas, o CSM determinou, além da demissão (expulsão), a perda de vencimento relativo a estes dias em que faltou.

O CSM considerou também que, num julgamento realizado em 24 de março passado, Rui Fonseca e Castro deu «instruções contrárias ao disposto na lei no que respeita a obrigações de cuidados sanitários no âmbito da pandemia», fator que também pesou na deliberação tomada pelo plenário do órgão de gestão e disciplina dos juízes.

Rui Fonseca e Castro interrompeu e adiou uma audiência que dirigia no Tribunal de Odemira, «com prejuízo para a celeridade processual e interesses dos cidadãos afetados», por o procurador e o funcionário judicial se terem recusado a tirar as máscaras.

Exigiu também, na qualidade de juiz, a todos os presentes na audiência de julgamento que tirassem a máscara para se identificarem.

No dia em que foi ouvido no CSM, em audiência pública, no processo disciplinar que propunha a sua expulsão, Rui Fonseca e Castro insultou membros daquele órgão máximo da magistratura judicial, incluindo o presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que preside também ao CSM por inerência.

À entrada para a audiência pública em que foi ouvido no processo disciplinar, o juiz chegou a provocar os polícias da PSP que vigiavam os seus apoiantes.

«Não me toque e ponha-se no seu lugar. Eu sou uma autoridade judiciária e o senhor está abaixo de mim», disse a um dos agentes da PSP à porta do CSM.

Posteriormente, a PSP participou do comportamento do juiz ao Ministério Público (MP), tendo a Associação Sindical de Juízes Portugueses repudiado «o comportamento de desafio ostensivo e gratuito» de Rui Fonseca e Castro.

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