Negócio da roupa em segunda mão ganha cada vez mais terreno

4 dez 2022, 18:00
Retalho não cumpre objetivos de sustentabilidade (Foto: AP/Tony Dejak)

A preocupação com a sustentabilidade está a provocar uma aposta no negócio de compra e venda de artigos em 2.º mão ou recondicionados. Auchan, Continente, Fnac ou Freeport são alguns exemplos

A preocupação com a sustentabilidade e a subida dos preços está a acelerar a procura por artigos em segunda mão e em Portugal há também cada vez mais marcas a apostarem nesta área.

É o caso do projeto Re.Love, que permite a compra de artigos em segunda mão e que está de regresso aos centros comerciais Freeport e Vila do Conde Porto Fashion Outlet através de uma loja pop-up, depois de ter sido lançado pela primeira vez em setembro do ano passado. “Tanto na loja de Freeport como na de Vila do Conde Porto Fashion Outlet será possível encontrar roupa, calçado e acessórios de marcas icónicas como Chanel, Louis Vuitton, Prada ou Valentino para mulher essencialmente“, explica Catarina Tomaz, diretora de marketing da Via Outlets em Portugal, em declarações ao ECO.

O objetivo é alertar para a “importância de darmos mais tempo e novas vidas aos produtos”, diz a responsável, sublinhando que na procura denotam um aumento da preocupação com a sustentabilidade. “A preocupação com a sustentabilidade por parte do consumidor tem vindo a aumentar e, embora haja estudos que indiquem que ainda não é tão preponderante como o preço no momento da compra, é um fator que tem vindo a ganhar peso, e não apenas nos mais jovens“, acrescenta Catarina Tomaz.

Para já, a iniciativa está disponível no Freeport, mas a partir da próxima segunda-feira vai também abrir portas no Vila do Conde Porto Fashion Outlet, sendo que os preços dos artigos são variáveis. Além disso, a loja pop-up presente nestes espaços comerciais dará também a possibilidade aos visitantes de venderem as suas roupas. “Todos os artigos serão analisados pelas equipas das marcas e, caso sejam elegíveis, ficarão disponíveis na loja, à consignação”, acrescenta a responsável, referindo que através do “programa de fidelidade Fashion Club, o cliente recebe ainda um saldo de 10 euros”. O grupo, que detém 11 centros comerciais na Europa, abre a porta a alargar a iniciativa a outros shoppings.

A aposta no negócio de compra e venda de roupa em segunda mão estende-se às grandes cadeias de supermercado. Em outubro, Continente arrancou com um projeto-piloto para a venda de roupa em segunda mão. “Os resultados têm sido muito positivos”, destaca fonte oficial da Sonae MC, sinalizando que “há um perfil de cliente tendencialmente mais jovem” e destacando que há cada vez mais clientes focados “num guarda-roupa mais contido e mais qualitativo”.

Ao ECO, o Continente não fecha a porta a alargar este projeto a outras categorias, referindo que a venda em segunda mão “apresenta um enorme potencial em Portugal”, dado que “o eixo da sustentabilidade a nível mundial confere ao mercado uma elevada motivação para explorar oportunidades de reutilização de produtos”. Neste momento, o (RE)Style está presente no Continente GaiaShopping, em Vila Nova de Gaia, e no Continente Colombo, mas o objetivo é abrir uma terceira loja ainda este ano.

Existe agora uma maior preocupação geral com o consumo consciente e há também uma maior vontade de poupar, principalmente pelas novas gerações”, Grupo Auchan.

Também nesta área de negócio, a portuense MyCloma juntou-se em novembro de 2020 ao grupo Auchan para criar a ReUse. Atualmente, esta marca está já presente em nove lojas destes supermercados com o intuito de combater o desperdício têxtil e promover a economia circular, bem como permitir aos clientes comprar roupa “a preços acessíveis”, explica fonte oficial da Auchan, ao ECO.

Volvidos dois anos desde o início do projeto, a Auchan diz que a ReUse tem sido “um sucesso” e considera que “este mercado tem um grande potencial de crescimento”, não só por existir ” uma maior preocupação geral com o consumo consciente”, mas também porque há “uma maior vontade de poupar, principalmente pelas novas gerações”.

“No entanto, não podemos esquecer a questão da inflação que tem um grande peso. No atual contexto, sentimos que os consumidores têm de fazer mais escolhas nas suas compras e os primeiros cortes recaem sempre em bens não alimentares“, acrescenta a Auchan.

Além da venda de roupa em segunda mão, a Auchan permite que os clientes entreguem as suas roupas nestes espaços e por cada entrega é oferecido um vale de 10 euros para gastar nos supermercados Auchan e mais 15 euros para usar no site da MyCloma. Paralelamente, lançou ainda no final do ano passado uma parceria com a Casch Coverters também para a compra e venda de artigos em segunda mão, mas maioritariamente focado em equipamentos elétricos e eletrónicos. Este espaço está disponível no supermercado Auchan na Maia.

Os artigos recondicionados também estão a ganhar terreno na Fnac e na Worten. Ao ECO, Rui Pepe, diretor de serviços da Fnac Portugal, atribui este crescimento ao facto de os clientes estarem cada vez mais consciencializados para “compras inteligentes”, dado que esta opção permite não só gerar uma poupança de “mais de 60% na compra de equipamentos tecnológicos, quando os valores são comparados com os dos produtos novos”, mas também porque é benéfica para o ambiente. Já a Worten destaca que “com a sobrecarga financeira das famílias este tipo de produto passou a ser uma alternativa fulcral na decisão de compra de produtos eletrónicos”.

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