São cada vez mais "nulas" as probabilidades de encontrar desaparecidos no Tejo: "Temos de esperar que os corpos venham à superfície"

CNN Portugal , ARC com Lusa
7 jan, 13:13

Um dos dois feridos no embate entre um ferry e um barco no rio Tejo já teve alta hospitalar. Enquanto isso, continuam por encontrar os dois corpos que caíram à água

As buscas pelos dois desaparecidos no rio Tejo, que foram retomadas às 08:00 desta terça-feira, vão manter-se "até ao pôr do sol". Ainda assim, a "esperança" de resgatar estas duas pessoas com vida, depois do embate entre um ferry e um barco de pesca, são reduzidas.

"Diz a experiência e a probabilidade que a melhor forma que temos agora é esperar que os corpos possam vir a superfície, porque temos de encarar a hipótese de as hipóteses serem nulas de eles surgirem", admite o comandante Paulo Vicente, capitão do Porto de Lisboa, em declarações aos jornalistas, no Porto de Cacilhas. Questionado sobre a esperança de resgatar os desaparecidos, garante mesmo: "Passadas estas horas todas, não."

Nas operações de busca, que decorrem numa "área vasta de cerca de 30 km por 15 km2", estão empenhadas duas embarcações da Estação Salva-vidas da Capitania do Porto de Lisboa e uma da Estação Salva-vidas de Cascais, bem como meios dos Bombeiros Sapadores de Lisboa e dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas. Os dois corpos estão desaparecidos desde a tarde de segunda-feira, quando ocorreu uma colisão entre um ferry e uma embarcação de pescadores no rio Tejo.

Entretanto, um dos dois feridos já teve alta hospitalar, segundo disse à Lusa fonte do Hospital Garcia de Orta, em Almada, sendo que o outro continua internado, “a receber os tratamentos adequados à sua situação”.

Paralelamente, está a decorrer "uma investigação criminal em ligação direta com o senhor procurador e Ministério Público por parte da Polícia Marítima", avança o capitão do Porto de Lisboa. "Foram ouvidos todos os intervenientes, os sobreviventes, os tripulantes. Foram recolhidos os dados próprios dos sistemas de navegação", explica.

O comandante Paulo Vicente acrescenta que a embarcação de pescadores foi "recolhida" na noite de segunda-feira e está "ao cuidado" do Porto de Lisboa. "Sei que já houve notícias de que a embarcação estaria a fugir de uma operação da Polícia Marítima, que eu não confirmo. A situação concreta é de um sinistro marítimo entre uma embarcação de transporte de passageiros com esta embarcação, que ia para a atividade de pesca do bivalve, da amêijoa", garante.

A pesca de bivalve, para a qual se dirigiam os pescadores, é proibida no rio Tejo. Neste sentido, o capitão do Porto de Lisboa reconhece que este é um problema que deve merecer a intervenção do poder local e até do Governo. "É uma questão social de pessoas que têm carências e vivem da apanha da amêijoa. Tentamos combater este fenómeno, mas vai para além daquilo que possa ser feito pela Polícia Marítima", diz.

"É uma questão social que tem de envolver o poder autárquico e até a parte governamental para tentar resolver a situação, que é efetivamente um problema com o qual nos deparamos", acrescenta.

Apesar disto, o comandante Paulo Vicente assegura que o incidente no rio Tejo, que aconteceu na segunda-feira, "não tem nada a ver com a atividade da pesca", mas, sendo um acidente no mar, com a "segurança marítima" - que também é "uma preocupação".

O alerta foi dado às 17:05 de segunda-feira. À chegada ao local, as autoridades perceberam que "seguiam quatro pescadores a bordo da embarcação de pesca, dois dos quais foram resgatados em estado grave por uma embarcação que se encontrava nas proximidades, e transportados até ao Cais da Margueira, em Cacilhas, onde aguardavam elementos do INEM que prontamente assistiram as vítimas e as transportaram, posteriormente, para uma unidade hospitalar". Entretanto, a Transtejo/Soflusa determinou "a instauração imediata de um inquérito interno" para apuramento das circunstâncias e responsabilidades do acidente.

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