Louisa foi violada e morta há quase 60 anos. Um homem de 92 anos foi agora condenado

CNN , Ivana Kottasová
5 jul, 11:00
Caso Louise Dunne

Um britânico de 92 anos foi esta semana condenado por homicídio e violação, um veredicto que pôs fim a um caso arquivado que permaneceu por resolver durante 58 anos.

Ryland Headley foi considerado culpado pelo Tribunal da Coroa de Bristol, em Inglaterra, pela violação e homicídio de Louisa Dunne, que tinha 75 anos quando Ryland Headley a matou.

Louisa foi encontrada morta em casa, em Easton, nos subúrbios de Bristol, em junho de 1967. Na altura, a polícia concluiu que ela tinha sido violada e que tinha morrido por estrangulamento e asfixia.

A polícia local lançou uma grande investigação: recolheu as impressões palmares de 19 mil homens, recolheu 1.300 depoimentos e efetuou mais de 8 mil visitas domiciliárias, informou a polícia de Avon e Somerset, num comunicado, esta segunda-feira.

No entanto, nada disto levou a lado nenhum e o caso foi arquivado.

A saia que Louisa Dunne usava quando foi encontrada morta. (Polícia de Avon e Somerset / PA)

Só quando a polícia começou a analisar o caso, em 2023, é que os investigadores conseguiram obter um perfil completo do ADN do assassino de Louisa Dunne, a partir da saia que ela usava quando morreu - utilizando tecnologia que não estava disponível na altura do crime.

Esse perfil de ADN foi depois comparado com amostras recolhidas de Ryland Headley, após a sua detenção por duas violações, em 1977, o que levou à sua prisão em novembro de 2024.

“Durante 58 anos, este crime terrível ficou por resolver e Ryland Headley, o homem que agora sabemos ser o responsável, evitou a justiça”, considera a Advogada do Ministério Público, Charlotte Ream, num comunicado do Ministério Público do Reino Unido (CPS, da sigla em Inglês).

Segundo o CPS, Headley negou ter cometido os crimes.

Louisa Dunne foi morta na sua casa em 1967. (Polícia de Avon e Somerset / PA)

20 caixas de provas analisadas

Uma impressão parcial da mão encontrada no local do crime foi também reexaminada no âmbito da análise do caso, informa o CPS. A impressão de uma parte da palma da mão, entre o pulso e a base do dedo mindinho, foi descoberta numa janela nas traseiras da casa de Louise Dunne e foi comparada com a mão de Ryland Headley por quatro peritos.

“Headley nunca fez parte da investigação original, uma vez que vivia fora da área onde foram efetuados os inquéritos casa a casa”, afirma o inspetor Dave Marchant, responsável pela investigação da polícia de Avon e Somerset, num comunicado.

Dave Marchant afirma também que o “trabalho exaustivo e meticuloso” efetuado pelos agentes na investigação inicial preparou o caminho para a polícia resolver o crime. De acordo com o investigador, como parte da nova investigação, 20 caixas de material original foram revistas pela polícia.

O CPS informa que todas as testemunhas do caso, com exceção de uma, faleceram nas quase seis décadas que decorreram desde que o crime foi cometido, mas que foram lidos em tribunal depoimentos antigos no âmbito do julgamento.

Ryland Headley vai conhecer a sentença esta terça-feira. Charlotte Ream diz que o homem “enfrenta a perspetiva de passar o resto da sua vida na prisão”.

O CPS acrescenta que as outras infrações de Ryland Headley também foram consideradas durante o julgamento. Embora as condenações anteriores não sejam automaticamente admissíveis nos tribunais em Inglaterra, o CPS sublinha que as semelhanças entre o homicídio e a violação de Louisa Dunne e as duas condenações anteriores de Ryland Headley por violação eram “demasiado grandes para serem ignoradas”.

O CPS acrescenta que Ryland Headley foi condenado, depois de se ter declarado culpado de ter invadido as casas de duas mulheres idosas em Ipswich e de as ter violado. Uma das mulheres tinha 70 anos e a outra 80. Os seus relatos dos ataques à polícia, na altura, foram lidos no tribunal.

O arguido foi inicialmente condenado a prisão perpétua, mas esta foi reduzida, na sequência de um recurso, para uma pena de prisão de sete anos.

Charlotte Ream diz que o veredito de segunda-feira foi uma “demonstração do empenho do CPS e dos nossos parceiros na polícia em fazer justiça às vítimas de crimes, independentemente de quantos anos - ou décadas - tenham passado”.

Mas grupos de advogados dizem que as condenações por violação continuam a ser baixas no Reino Unido e que o processo judicial é incrivelmente lento.

O Office for National Statistics diz que 71.227 violações foram registadas pela polícia em 2024. De acordo com a Rape Crisis, uma instituição de caridade do Reino Unido, apenas 2,7% destes casos resultaram em acusações até ao final de 2024.

Os dados oficiais do Governo mostram que atualmente são necessários, em média, 344 dias para a polícia acusar o suspeito, 30 dias para o CPS validar a acusação e 336 dias para o tribunal concluir o processo.

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