É uma das três vítimas deste caso e teve mesmo de ir ao hospital. À CNN Portugal descreve o que se passou e critica a gestão do caso
Um dos funcionários que faziam a manutenção da piscina manuseou mal os produtos químicos. Foi essa a causa para a propagação de vapores tóxicos numa residência universitária na rua Conde Redondo, em Lisboa, num caso que obrigou à retirada de 280 alunos do local.
Os bombeiros enviaram de imediato uma equipa da unidade química para o local, temendo que a inalação dos vapores pudesse causar problemas às pessoas ali presentes, sendo que três delas ficaram feridas e tiveram mesmo de ser assistidas, incluindo o funcionário. Foram todos conduzidos a um estabelecimento hospitalar, onde receberam tratamento e avaliação.
“Estava a treinar como faço todos os dias, quando comecei a sentir um cheiro cada mais mais intenso a cloro, ao qual não dei grande importância por achar ser da piscina, que fica ali perto”. À CNN Portugal, um dos jovens que estavam no local conta que se encontrava no ginásio da residência quando sentiu um cheiro forte, por volta das 08:00.
Depois de longos minutos a treinar, este estudante, que faz parte das três pessoas transportadas para o hospital, acredita que o seu corpo começou a habituar-se ao cheiro intenso. “Só percebi que o cheiro poderia ser algo mais grave quando outro estudante, de nacionalidade húngara - também um dos feridos - veio igualmente treinar e começou a tossir e a sentir os olhos a arder”.
Foi nesse momento que este estudante, proveniente de Budapeste, decidiu ir até à receção questionar sobre a situação. “Só quando esse colega regressou ao ginásio para me avisar do que estava a acontecer é que percebi a gravidade da situação”, diz.
Nessa altura, os funcionários da residência situada no centro de Lisboa já estavam no exterior das instalações, antes mesmo de aguardar pela saída dos estudantes. “Se não fosse esse colega regressar ao ginásio para me avisar, eu não teria percebido naquele momento o que estava a acontecer. A única informação que tínhamos recebido até àquele momento foi que não nos deveríamos dirigir ao piso -1, onde se situa a piscina, através de uma mensagem de telefone às 08:18".
O hóspede desta residência considera que os mecanismos disponíveis foram acionados muito tarde. “O alarme disponível para emergências só foi tocado uma hora e meia depois - eram 09:26. Os bombeiros chegaram rápido mas demoraram bastante tempo a perceber a gravidade da situação e a acionar o alarme, que, para os funcionários da residência, apenas servia em casos de incêndio”.
Com sintomas de sonolência e tonturas, o estudante foi levado para o hospital, onde passou por alguns exames, tendo saído pouco tempo depois. “Um trabalhador da manutenção da residência foi transportado em pior estado para o hospital, com grandes dificuldades em respirar e com muita tosse”, explica.
O estudante queixa-se ainda da falta de comunicação entre a administração e os residentes do edifício: “Toda a informação que nos chega é através dos meios de comunicação social. Os funcionários aqui não nos informam de nada”.