Em Coimbra muitos jovens procuram as Repúblicas como solução para a crise de habitação. Outros somente pelo senso de comunidade. A CNN Portugal visitou a República dos Corsários das Ilhas, a mais emblemática de Coimbra, onde nos permitimos viajar no tempo, mas os assuntos que se discutem são do ano em que vivemos.
É uma casa irreverente, onde cada canto conta uma história. Há receitas inscritas nas paredes da cozinha - conhecida como “gaiola de ferro” por não ter rede - cartas penduradas de visitantes, um disco perdido de Carlos do Carmo e vários grafitis, como o monograma anarquista do A circulado, frequentemente associado ao caos. Este símbolo representa parte da citação de Pierre-Joseph Proudhon, filósofo francês: “A sociedade busca a ordem na anarquia”. E é assim que se vive na República dos Corsários das Ilhas: entre objetos deixados por quem ali viveu, à desarrumação de quem ainda vive. “Nós não somos uma casa hierárquica”, conta Mariana Ferreiro, 21 anos, uma das sete moradoras. Não é por acaso que são uma casa anti-praxe. “As pessoas da praxe podem entrar, mas não podem estar de batina”, afirma.
Aliás, todas as tarefas de casa e jantares são partilhadas, cada um faz um jantar por semana para todos. “Há um sentimento de comunidade”. É uma casa cheia de vida, visível pela chávena de café, o copo de cerveja, a garrafa de vinho vazia, os cinzeiros de barro e os restos de cinzas que estão em cima de uma ampla mesa de madeira onde nos sentamos. À nossa volta preservam-se memórias desde 1956, estamos na sala de jantar de uma das repúblicas mais emblemáticas de Coimbra.