Forest Green FC: o clube mais ecológico no planeta-futebol

5 mai 2015, 10:17
Forest Green (Facebook do clube)

Painéis solares, hambúrgueres vegetarianos, automóveis elétricos e produtos reciclados. Convicções New Age num emblema a revolucionar as ligas inglesas

O relvado é tratado por um robô. Os produtos químicos não são permitidos. Há painéis solares, a tinta utilizada nas pinturas é orgânica e todos os tapetes são feitos de produtos reciclados. No bar só é vendida comida vegetariana e os carros dos funcionários são movidos a eletricidade.

Num dos topos do estádio, um enorme depósito acumula a água da chuva. Um sistema de rega inovador permite a renovação do dispositivo e nem uma gota é desperdiçada. Respira-se o ar puro da natureza e da paz de espírito.

O Forest Green FC desaconselha veementemente o uso de fato e gravata. E defende, já percebemos, o casual style
: tshirt, jeans e sapatilhas. Perfeito.  

O maior patrocinador do clube é uma empresa chamada Ecotricity
. O proprietário chama-se Dale Vince e é, desde agosto de 2010, também o presidente deste clube de futebol tão especial.

Bem-vindos ao extraordinário mundo do The New Lawn
, o estádio auto-sustentável do Forest Green Rovers Football Club.

«Somos o clube mais verde do planeta-futebol. Queríamos trazer a nossa mensagem ecológica para uma audiência mais alargada e nada melhor do que utilizar o desporto que amamos para isso»
, explica Dale Vince, a partir de Nailsworth, pequena cidade de seis mil habitantes na costa oeste de Inglaterra.

GREEN FOREST ROVERS - ETESIA - TESTIMONY from ETESIA SAS on Vimeo.

Vince, 53 anos, é um antigo viajante
New Age. Numa definição mais simplista, talvez redutora, um
hippie. Trabalhou em vários ofícios, saltou de festival em festival, aproveitou bem a vida até tomar uma decisão importante: tornar a Inglaterra um país com consciência ecológica.

Em 2010, como escrevemos, entrou no mundo do futebol e tomou conta do Forest Green FC.

«Vim a jogo de pré-época e adorei o estádio e as pessoas. O clube emprega muitas pessoas da comunidade e decidi associar-me através da minha empresa e das minhas convicções».
 

Os primeiros tempos não foram fáceis. Dale Vince teve de assumir uma dívida dos antigos proprietários e enfrentar a oposição dos adeptos relativamente à cor dos equipamentos. Duas batalhas travadas e ganhas.  

«O clube chama-se Forest Green [floresta verde], está focado nas questões ecológicas e só fazia sentido equipar de verde. Por isso decidi mudar. E resultou: só na época 2014/15 vendemos mais camisolas do que em todos os anos anteriores juntos. Estou orgulhoso porque os adeptos aceitaram a minha mensagem».

Do ponto de vista desportivo, o Forest Green FC atravessa um período feliz. O clube milita na
Conference Premier – quinto escalão na pirâmide britânica – e terminou a temporada num brilhante quinto lugar.

Domingo, 3 de maio, discutiu com o Bristol Rovers o acesso à
League Two. Perdeu por 2-0 e o sonho da subida morreu. Nada que atormente Dale Vince, certo de que os passos dados são os corretos.  

«Somos ambiciosos, claro. Quanto mais alto subirmos, maior será a nossa audiência e mais facilmente a nossa mensagem se propagará. Em poucos anos estaremos no Championship [segundo escalão]».

Energia, transporte e comida: os pilares da doutrina de Vince


O Forest Green é um clube diferente. Tudo é feito às claras, até a divulgação da lista de dispensas e renovação de contratos. Uma notícia no site do clube mostra quem fica na próxima época, quem não entra nos planos e quem está em negociações. Política
New Age no futebol.
Dale Vince adora futebol, mas a conversa acaba sempre por ir ter às políticas ecológicas do Forest Green FC. E os detalhes técnicos passam a dominar o diálogo.

«Para mim, é determinante que o clube possa ser auto sustentável na gestão da energia, transportes e comida. Daí a aposta na energia solar, nos automóveis elétricos e na comida vegan. Quem prova o nosso hamburger vegetariano nem se apercebe que não tem carne»
.

O Forest Green FC está a fazer história no futebol. Por ora, a política de gestão sobrepõe-se aos resultados no relvado, mas Dale Vince ambiciona mais. «Ecologia e vitórias são perfeitamente compatíveis»
.

A boa classificação em 2014/15 e este extraordinário golo de Jon Parkin (52 jogos, 30 golos) são dois argumentos abonatórios:

 

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