Vanuatu: quando o futebol é o verdadeiro salva-vidas

17 mar 2015, 10:18
Vanuatu (site oficial da federação)

Millhares de pessoas escapam ao ciclone Pam protegidas pelo teto do desporto-rei. Literalmente. «Temos de construir tudo de novo»

Pam
é nome maldito em Vanuatu. O pequeno arquipélago do Pacífico Sul, a 1750 quilómetros da Austrália, foi engolido pelo ciclone assim batizado. Pouco restou do país paradisíaco e águas azul turquesa, fustigado nos últimos dias por rajadas de vento com intensidade superior a 300 kms/hora !

Na capital, Port Vila, a destruição é evidente. Casas, edifícios estatais, estruturas desportivas, todos vergados à inclemência das leis da natureza.

A contagem oficial de vítimas mortais oscila entre as quatro e cinco dezenas, mas o número irá, inevitavelmente, aumentar nos próximos dias. Os trabalhos de limpeza permitirão vislumbrar o verdadeiro retrato da catástrofe.

«Todos os países já precisaram de ajuda externa. Agora chegou a nossa hora. Por favor, ajudem-nos a recuperar desta calamidade. Temos de construir tudo de novo»
.

As palavras emocionadas do presidente do país, Baldwin Lonsdale, são o exato reflexo da atrocidade provocada pela anormal agitação meteorológica. As imagens ajudam a completar o quadro de horror.
Em muitas zonas do arquipélago, o número de casos mortais podia ser superior. Só não o é devido ao poder do futebol, como explica ao
Maisfutebol - num contato através de uma rede social - Harry Atisson, dirigente da federação de Vanuatu.

«Abrigámos centenas de pessoas, talvez milhares, nas nossas academias de futebol. Os edifícios estão entre os mais sólidos de Vanuatu e foram erigidos ao abrigo de protocolos que temos com a FIFA e a OFC (Confederação de Futebol da Oceânia)».

Na zona de Teouma, por exemplo, a academia local aproveitou os quartos e as cozinhas para dar um teto e alimentar as pessoas da região. A esmagadora maioria ficou sem casa.

«As construções são frágeis, algumas de madeira, foram arrasadas. Agora o tempo está melhor, mais calmo, mas o trabalho que temos pela frente é gigantesco».

Pode ler mais sobre a tragédia em Vanuatu
AQUI na TVI24.

Reportagem televisiva sobre a tragédia :

 

Todos os jogos do campeonato nacional foram cancelados e a competição está em risco.

«O maior estádio do país, onde joga a nossa seleção, vai precisar de obras profundas. A cobertura da bancada caiu», lamenta Atisson, antes de terminar a conversa.

O Estádio Korman tem capacidade para seis mil pessoas e fica nos arredores da capital, Port Vila.

Além das academias construídas pela FIFA e a OFC, milhares de habitantes procuraram refúgio em escolas, hotéis e esquadras da polícia.

O rasto de destruição dá um tom apocalíptico a Vanuatu. As infraestruturas do futebol são dos poucos salva-vidas à disposição desta população do Pacífico.

Seleção: o sonho do Mundial fica ainda mais longe

O ranking FIFA mostra a seleção nacional do Vanuatu no 191º lugar. É uma das piores do mundo, sim, mas tem no palmarés algumas vitórias interessantes.

Austrália e Nova Zelândia já perderam em jogos oficiais contra este pequeno país. Os neo-zelandeses ficaram, de resto, de fora da corrida pelo Mundial2006 depois de uma derrota surpreendente contra Vanuatu.

Em julho de 2003, Vanuatu conseguiu a maior goleada da sua história, ao marcar 18 golos a Kiribati num jogo realizado nas Ilhas Fiji.

Vanuatu participa nas qualificação para o Campeonato do Mundo desde 1994. O sonho de estar na maior festa do futebol fica ainda mais longe depois desta tragédia natural.

Vanuatu a golear Samoa em 2012:




 

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