Bebeto e o festejo que faz 30 anos: «Foi como ter o meu filho nos braços»

9 jul, 09:30
Bebeto 1994 (Getty Images)

Ídolo brasileiro recorda em exclusivo ao Maisfutebol a celebração mais icónica da história dos Mundiais

«O Brasil vai tentando confirmar a sua vaga nas semifinais… Vai Bebeto que ele [o árbitro] não deu nada! Vai Bebeto que ele não deu nada! Vai Bebeto! VAI BEBETO!!! Que beleza! Que beleza! Que beleza! GOOOOOOL…»

Aos 63 minutos daquele Holanda-Brasil, Bebeto antecipou-se ao seu marcador direto, Jan Wouters, sentou o guarda-redes Ed de Goey e fez um passe à baliza, com a bola a aninhar-se no fundo das redes, como narrou a inconfundível voz de Galvão Bueno aos microfones da TV Globo.

Aconteceu em Dallas, a 9 de julho de 1994.

Se o golo, felino, feito de sagacidade e talento, haveria de ficar na retina dos adeptos, foi a inconfundível celebração que tornou aquele momento absolutamente memorável.

Mattheus Oliveira, médio que acaba de trocar o Farense pelo campeonato dos Emirados, havia nascido dois dias antes, no Rio de Janeiro, no dia 7 do mês 7.

Lá longe, nos Estados Unidos, o seu pai, craque daquele «escrete», com a camisola 7, rezou no quarto, na véspera do jogo, para poder fazer um golo e dedicar ao filho. Aliás, momentos após parto, a mãe, a antiga jogadora de voleibol Denise Oliveira, entrou em direto para todo o Brasil para dar a boa nova a Bebeto, que conheceu o filho no estúdio do SBT, montado nos Estados Unidos para acompanhar a “Copa”. Aí também foi desafiado a marcar um golo nesse jogo dos quartos de final. E assim se concretizou o sonho, sobre o relvado do Cotton Bowl.

«Aconteceu naturalmente. Foi uma coisa de Deus»

Agora, precisamente 30 anos depois, é o próprio Bebeto a recordá-lo em exclusivo ao Maisfutebol.

«O Mattheus foi o único filho que não vi nascer, porque estava nos Estados Unidos a disputar o Mundial. Eu estava presente quando os meus outros dois filhos nasceram. Quando a mãe deu à luz eu coloquei-os logo nos meus braços, mas dessa vez eu estava longe. Então, na hora, pensei em fazer aquilo. Foi como ter o meu filho nos meus braços», recorda-nos Bebeto, revelando que tudo aquilo foi espontâneo: «Olhei para o lado e vi que chegaram o Mazinho e o Romário, para completar. Não tinha combinado nada com eles. Aconteceu naturalmente. Foi de coração, mesmo. Foi uma coisa de Deus.»

Talvez por ser um gesto tão natural que se tornou tão popular, uma comemoração imitada por tantos jogadores daí em diante.

Mattheus, que já nasceu famoso, cresceu e fez carreira no futebol, mas ficou marcado por esse inesquecível. Onde quer que vá, há sempre quem faça questão de o recordar, como já revelou ao nosso jornal: «Se eu estiver com o meu pai, as pessoas vêm ter connosco e pedem para embalarmos juntos e tiram fotos, fazem vídeos… Em Portugal, no Brasil, nos Estados Unidos… Onde vamos, é assim. Isso ficou marcado. Então, dizem: “Já não é mais um neném…”»

O Brasil sofreu para ganhar 3-2, num jogo decisivo na caminhada triunfal até à conquista do “Tetra”.

Foi há 30 anos. De um gesto de amor de pai para filho nasceu aquela que será a mais icónica celebração da história dos Mundiais de futebol.

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