Apagão: excesso de energia renovável "é ideia plausível". Pelo sim pelo não, Portugal não está a importar a Espanha

29 abr, 19:45

Administrador da REN, João Faria Conceição diz que, por motivos de "prudência", as trocas de energia comerciais entre Portugal e Espanha não estão a funcionar, mas espera que a "última etapa" para a "completa estabilização do sistema" seja concluída às 00:00

Em declarações à CNN Portugal, esta terça-feira, a propósito do apagão, o administrador da REN confirma que os últimos pontos de consumo foram ligados "muito cedo, de manhã" pela operadora da rede de distribuição. 

Da parte da REN, João Faria Conceição dá conta de que um pouco antes das 23:30 desta segunda-feira, já tinha sido restabelecida a ligação a todas as suas infraestruturas espalhadas pelo país. Ou seja, "todas as nossas subestações estavam ligadas e a funcionar em pleno". 

Agora, diz, "estamos a convergir para uma situação de normalidade", mas “da parte da distribuição demora um bocadinho mais”. “Têm de acrescentar os consumos à medida que vão fazendo as ligações”, esclarece.

Então o que falta? “Garantir uma completa estabilização do sistema” para “passar ao normal funcionamento dos mercados grossistas” – que definem as centrais que fornecem energia em toda a região ibérica. “A partir daí, sim podemos dizer que o sistema voltou, quer em termos técnicos, quer em termos económicos, a um funcionamento de total normalidade”. João Faria Conceição espera que essa “última etapa” ocorra à meia-noite desta terça-feira.

Para isso, explica que é necessário “gerir o sistema elétrico de uma forma separada”, por “uma questão de prudência”, uma decisão tomada em articulação com o Governo, a Direção-Geral de Energia, as entidades oficiais espanholas e os homólogos da rede elétrica de Espanha. “As interligações entre os sistemas estão operacionais, mas não estão a existir quaisquer trocas de energia em termos comerciais”, entre Portugal e Espanha.

Excesso de energia renovável "é uma ideia plausível", mas "não é a única"

Questionado sobre a possibilidade de um excesso de energia renovável no sistema energético estar por trás do evento desta segunda-feira, o administrador da REN considera uma “ideia plausível”, mas sublinha que “não é a única”. “Aparentemente, e de acordo com as autoridades espanholas, já estão descartadas questões de natureza cibernética e, portanto, agora temos de nos focar exatamente no que aconteceu”.

João Faria Conceição esclarece ainda que as energias renováveis são “uma fonte de energia segura”, com um conjunto de características – nomeadamente a sua volatilidade – “que têm de ser, naturalmente, acomodadas” com abordagens que “mitiguem” essas mesmas características.

“Uma das formas é ter os necessários mecanismos de back-up, outra é exigir a algumas destas fontes de energia renovável um conjunto de equipamentos muito técnicos, que permitem combater alguns potenciais riscos dessa volatilidade”.

Por outro lado, destaca, “temos de ver que outras fontes de energia têm outro tipo de preocupações”.

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