"Reanimaram-me duas vezes" e "as minhas pernas não me obedecem". A única sobrevivente da queda de um relâmpago perto da Casa Branca conta como foi

CNN , Alisha Ebrahimji
22 ago 2022, 16:00
Raio mata três pessoas junto à Casa Branca

Amber Escudero-Kontostathis é a única sobrevivente de um relâmpago mortal que atingiu o exterior da Casa Branca no início deste mês e, apesar de ter passado por uma experiência traumática e de ter sofrido lesões nervosas, disse que está a recuperar a bom ritmo.

Fontes policiais relataram à CNN no início do mês que Escudero-Kontostathis, de 28 anos, e outras três vítimas se tinham abrigado de uma tempestade debaixo de uma árvore no Parque Lafayette, a 4 de agosto.

Em meio segundo, caíram seis relâmpagos, descreveu Escudero-Kontostathis na quinta-feira ao programa “New Day” da CNN.

James Mueller, de 76 anos, Donna Mueller, de 75 anos e Brooks Lambertson, de 29 anos, morreram devido aos ferimentos resultantes do incidente.

“Não sei bem porque fui a única sobrevivente”, declarou Escudero-Kontostathis à WUSA, uma afiliada da CNN. “Sem dúvida que tenho sentimentos de culpa porque acho que todos mereciam ter tido a mesma sorte que eu.”

Tendo sofrido lesões nervosas da cintura para baixo que a fizeram perder a sensibilidade nas pernas, Escudero-Kontostathis está agora dependente de um andarilho para se deslocar a maior parte do tempo.

“Às vezes, as minhas pernas não me obedecem. Sinto um formigueiro como se estivesse a ser picada por agulhas, mas muito pior. Os meus pés tão depressa estão a arder como estão gelados, porque os nervos não sabem processar a dor.”

Escudero-Kontostathis adiantou que os médicos lhe disseram que nunca viram ninguém sobreviver àquilo por que passou.

“Os enfermeiros das Urgências reanimaram-me por duas vezes, e houve um intervalo de 10 minutos entre batimentos cardíacos em que não recebi oxigénio no cérebro e não tive pulsação.”

Segundo a WUSA, Escudero-Kontostathis estava a percorrer o parque em nome da Threshold Giving, uma associação cívica que angaria fundos para organizações sem fins lucrativos como o International Rescue Committee e a Humane Society.

Na altura, Escudero-Kontostathis usava sapatos Doc Martin com solas de borracha grossas, que, segundo ela, provavelmente ajudaram a atenuar o choque que absorveu, mas acredita que foram os socorristas, os funcionários do hospital e dos Serviços Secretos que lhe salvaram a vida.

“Não vão para a rua com uma trovoada a usar Docs porque não é isso que vos vai salvar", constatou. "São estes salvadores que fazem os milagres acontecer, por isso é deles todo o mérito e toda a atenção.”

Um casal de idosos e o executivo de um banco foram mortos pelo relâmpago

Escudero-Kontostathis ainda tenta recuperar partes da cronologia que desapareceram da sua memória, mas lembra-se de falar com os Mueller, que estavam de visita do Wisconsin, antes de todos serem atingidos.

“Eram pessoas maravilhosas. Sinto um peso muito grande no meu coração quando penso nas famílias que estão a passar por esta perda.”

James Mueller e Donna Mueller, vítimas do relâmpago que atingiu Washington no início deste mês.

Segundo John Jensenius, especialista do National Lightning Safety Council, os Mueller e Lambertson foram as décima, décima primeira e décima segunda vítimas mortais causadas por relâmpagos até agora nos Estados Unidos.

Lambertson, um dos vice-presidentes do City National Bank, viajou de Los Angeles até Washington em negócios.

Brooks Lambertson, uma das vítimas do relâmpago que atingiu Washington no início deste mês.

“O Brooks era um jovem extraordinário que será recordado pela sua generosidade, bondade e positivismo inabalável”, afirmou o seu empregador num comunicado divulgado online. “A sua morte súbita é devastadora para todos os que o conheciam, e a sua família, amigos e colegas agradecem as palavras e orações que têm chegado de todo o país.”

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