Quer melhorar a sua relação? A resposta pode ser mais simples do que pensa

CNN , John Duffy
7 ago 2022, 15:33
Relações amor casal casamento namoro felicidade relacionamento LGBTQ Foto Getty Images

Como as cinco linguagens do amor podem ajudar a ter um casamento ou namoro mais feliz

John Duffy é psicólogo, autor do livro "Parenting the New Teen in the Age of Anxiety" [à letra, “Educando os Novos Adolescentes na Era da Ansiedade”], exerce em Chicago. É especializado em trabalho com adolescentes, pais, casais e famílias.

 

Casais com uma relação conjugal e íntima procuram frequentemente formas de maximizar a sua satisfação e compatibilidade. Inúmeros livros de auto-ajuda, seminários e especialistas em relacionamentos têm ponderado sobre o que podem ser as chaves para a felicidade e longevidade de um casal. As ideias têm variado bastante, incluindo a quantidade de tempo que passam juntos, os interesses partilhados e níveis semelhantes de inteligência, para não mencionar o grau de carinho e de admiração um pelo outro.

Diz-se com frequência que os parceiros de longa data desenvolvem a sua própria linguagem, uma abreviação que vem da construção de uma ligação forte. Na mesma linha, considere as cinco linguagens do amor: gestos de serviço, dar presentes, toque físico, tempo de qualidade e palavras de afirmação*.

Há trinta anos, o autor, orador e conselheiro matrimonial Gary Chapman escreveu "As 5 Linguagens do Amor: o Segredo Para um Amor Duradouro". Se aprender que linguagem o seu companheiro favorece e agir de acordo com essa linguagem, diz a teoria, encontrará mais satisfação e longevidade na sua relação. Inversamente, perderá tempo e energia se exercer esforço noutras áreas. Esta energia, argumentou Chapman, pode mesmo ser contraproducente, pois o seu parceiro pode não se sentir ouvido nem compreendido.

Estar sintonizado com a linguagem amorosa de um parceiro estava associado à satisfação tanto da relação como sexual dos casais heterossexuais, segundo um estudo de junho publicado pela revista PLOS One. Em particular, as pessoas que expressaram o seu afeto na forma como o seu parceiro prefere recebê-lo sentiram maior satisfação com a relação e ficaram mais satisfeitas sexualmente do que aquelas que satisfizeram as necessidades do seu parceiro em menor medida.

Entrevistei especialistas em relações sobre a forma como utilizam este conceito no seu trabalho e como ele pode ser útil para aumentar a satisfação com a relação.

Utiliza as 5 linguagens de amor no seu trabalho, e considera-as úteis?

Bela Gandhi, fundadora da Academia de Encontros Inteligentes, com base em Chicago, utiliza regularmente as linguagens do amor, mas salienta que existem alguns mal-entendidos sobre a melhor forma de utilizá-las nas relações. Ela sugeriu que a maioria das pessoas quer as cinco, mas as suas preferências variam dependendo do dia e do contexto. Uma preferência única contínua é um mito, diz.

"Penso que estas linguagens do amor não são absolutas", responde Gandhi. "Podemos favorecer uma de cada vez, mas isso também pode variar ao longo do tempo".

Laura Berman, uma terapeuta do amor, sexo e relacionamento de Los Angeles, e autora de "Quantum Love: Use Your Body's Atomic Energy to Create the Relationship You Desire" [à letra, “Amor Quântico: Use a Energia Atómica do Seu Corpo para Criar a Relação Que Deseja"], adopta uma abordagem ligeiramente diferente.

Berman acha que as linguagens do amor são um ponto de partida útil para ensinar os seus clientes. As linguagens do amor permitem às pessoas perceber, sugere ela, que o amor por si só não é suficiente. Ele precisa de ser ativado de forma que faça o parceiro sentir-se amado e visto.

"O que eu gosto nas linguagens do amor é que elas são grandes estímulos para falar com o seu parceiro", acrescenta Gandhi. "Temos tendência para compreender as nossas próprias linguagens de amor. Mas no meu trabalho e na minha própria relação, as pessoas muitas vezes não se esforçam por fazer o mesmo pelo seu parceiro".

Gandhi e Berman concordam que as linguagens do amor são úteis porque permitem a um indivíduo ou casal avaliar a sua posição num relacionamento. "Encorajo os meus clientes a perguntarem-se se estão a fazer um bom trabalho em todas as cinco linguagens", diz Gandhi, "mesmo que um ou dois deles sejam favorecidos pelo seu parceiro".

É importante que os casais tenham a mesma linguagem do amor?

"Não, de modo algum. As linguagens do amor são tão variadas quanto podem ser", respondeu Berman via e-mail. E indicou que, na realidade, há muito mais do que as cinco linguagens tradicionais.

Segundo diz, encontrar um parceiro com exatamente a mesma linguagem pode ser impossível. Mas, mais importante, as linguagens do amor não são sobre pessoas que aprendem a amar exatamente da mesma forma que os seus parceiros. Pelo contrário, a teoria das linguagens do amor diz respeito à aprendizagem de que todos nós experimentamos a realidade de forma diferente e temos vidas internas únicas e por vezes misteriosas.

A forma de alcançar longevidade e satisfação não é falando a mesma linguagem do amor que o seu parceiro, diz Berman, mas honrando o facto de que o seu parceiro pode viver o mundo de forma diferente da sua e assumindo o compromisso de procurar formas de fazer com que o seu parceiro se sinta amado. Trata-se de trazer a energia que deseja experimentar para a sua relação, em vez de esperar que lhe seja dado um final feliz, diz.

É importante conhecer e responder à linguagem do amor do seu parceiro?

Gandhi concorda que é importante responder à linguagem de amor preferida de um parceiro, mas também reconhecer que não existe apenas um livro de regras. Um dia, o seu companheiro poderá precisar de tempo de qualidade da sua parte. Mas no seu aniversário, por exemplo, podem querer um presente. E pode precisar de afeto físico noutro dia.

Juntamente com as cinco linguagens do amor, podem surgir outras necessidades nas relações, incluindo uma boa capacidade de ouvir ou saber quando proporcionar ao seu parceiro algum espaço, quer física quer emocionalmente.

Em vez de seguirem um livro de linguagens do amor, diz Berman, os parceiros precisam de estar curiosos sobre como darem satisfação uns aos outros. A vulnerabilidade é uma necessidade, por isso concentre-se em observar que barreiras pode ter erguido que estejam a impedir que seja visto ou ouvido.

Pode ser problemático não conhecer a linguagem do amor do seu parceiro?

É problemático ter uma relação que não seja construída sobre comunicação, consistência e intenções partilhadas para proteger e alimentar os seus laços, diz Berman.

"As linguagens do amor são apenas um recurso que pode usar para ajudar a aprofundar os seus laços, mas, para muitas pessoas, basta fazer o questionário online sobre a linguagem do amor e, pouco tempo depois, esquecê-lo. Se realmente usar a informação para fazer escolhas ativas para celebrar o seu amor e alimentar a sua relação, então pode ser muito útil", respondeu ainda Berman via e-mail.

Gandhi concorda, mas coloca a ênfase na utilidade de discutir as cinco linguagens. E sugere que os casais falassem sobre as cinco linguagens e compreendessem o que cada parceiro sente como sendo a sua linguagem mais importante de forma consistente, uma ou talvez duas.

Uma conversa poderá começar com: "Sei que o tempo de qualidade é realmente importante para ti. Sentes que já partilhamos suficiente tempo de qualidade juntos?".

No geral, é útil para os casais falar sobre as linguagens do amor e certificarem-se de que estão felizes com o amor que estão a receber. E para maximizar a satisfação e a longevidade, uma comunicação aberta em torno das necessidades da relação é fundamental.

Afinal, como sei pela minha própria prática, os casais querem que o seu parceiro se sinta amado da forma como querem ser amados. Falar através das linguagens do amor pode não ser a única resposta, mas é um começo.

 

* Adenda do editor: nas 5 linguagens do amor, segundo Gary Chapman, e de forma resumida:

- gestos de serviço valem muitas vezes mais do que palavras, e incluem comportamentos quotidianos como levar o lixo ou arrumar a cozinha sem que seja preciso pedir-lhe, tratar do conserto de um automóvel ou das matrículas dos filhos na escola;

- dar presentes que tenham importância simbólica (mais do que financeira) e que sejam do coração, assim demonstrando atenção e intenção, empenho e sinceridade;

- toque físico, como beijos, abraços, sexo (incluindo preliminares), caminhar de mãos dadas, fazer massagens, mas confirmando que o outro gosta desse tipo de fisicalidade e com que frequência;

- tempo de qualidade, em exclusividade ou em encontros com amigos, por exemplo, para estarem um com o outro e não apenas um ao lado do outro;

- palavras de afirmação são elogios e observações pela positiva, como reparar que “o jantar está excelente” ou que o outro faz uma coisa “muito bem”.

 

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