Dois monarcas, três coroas. Estas vão ser as joias utilizadas na coroação de Carlos III

22 abr 2023, 11:00

Da colher que será usada para ungir os monarcas até aos anéis e coroas que Camilla e Carlos usarão na coroação, já está tudo definido até ao mais ínfimo pormenor

O plano para a coroação de Carlos III é o mesmo que Isabel II já vinha impondo à família real: reduzir, seja nos custos, nas pessoas, ou na dimensão dos eventos. Apesar de estarem a ser preparados três dias de festa para maio, o Palácio de Buckingham tem vindo a revelar como vai decorrer a cerimónia do dia 6 e uma coisa parece certa: vai ser mais curta e menos extravagante do que a última, em 1953.

No entanto, quando o assunto é realeza, também o são as joias que vão ser utilizadas por Carlos e Camilla. Alberto Miranda, especialista em famílias reais, explica à CNN Portugal que "a Inglaterra é o único país em que o rei, e neste caso agora a rainha, vão usar a regália, vão usar as joias da coroa", mas também o único país que "coroa o seu rei". 

De acordo com o comunicado do Palácio de Buckingham, serão utilizados cinco espadas simbólicas (A Espada do Estado, a Espada da Justiça Temporal, a Espada da Justiça Espiritual e a Espada da Misericórdia), dois ceptros (Ceptro do Soberano com Cruz e o Ceptro do Soberano com Pomba), o Anel de Safira do Soberano com uma cruz de rubi em diamantes e o anel da rainha-consorte com um rubi, três coroas (duas para o rei, uma para a rainha), uma orbe, a colher do soberano (usada para ungir o soberano com o óleo sagrado) e a Ampulla (um objeto em forma de ave de grande valor e significado).

"As joias da coroa são os tesouros mais preciosos da nação. No coração da coleção de joias da coroa está a coroação real: os objetos sagrados utilizados durante a cerimónia de coroação, que será conduzida por Justin Welby, arcebispo da Cantuária. Estes objetos únicos representam os poderes e responsabilidades do monarca", lê-se na nota.

Assim sendo, Camilla vai usar a coroa da rainha Mary, criada em 1911, e segurará um ceptro de marfim, apesar da Grã-Bretanha ter uma proibição quase total de produtos de marfim de elefantes.

Já Carlos III será coroado com a coroa de St. Edward, que data de 1661, tendo sido criada para a coroação de Carlos II e que é apenas utilizada nestas cerimónias. A peça é feita de ouro maciço e pesa mais de 2 quilos, tendo sido usada pela rainha Isabel II na sua coroação.

"Carlos vai usar duas coroas nesta cerimónia: a coroa Imperial do Estado e a coroa de São Eduardo, que só se usa no exato momento da coroação. Além dessas duas coroas, vai usar o orbe, que é uma esfera e tem uma cruz. É uma esfera que simboliza o mundo, a cidade e o mundo, ou seja, senhor do mundo, e com a cruz, com a ajuda de Deus. Vai usar também os dois ceptros, um que simboliza o seu poder real e outro o seu poder espiritual. E também duas braceletes, duas pulseiras, além do anel, mas a pulseira também é curiosa porque as pulseiras é que significam a sabedoria e a sinceridade, duas características que o rei tem de ter, porque o rei é fonte de honra e de justiça. E estes símbolos são joias simbólicas da sua dimensão real", explica Alberto Miranda.

Ampulla e colher do soberano (Família Real)

Os monarcas serão ungidos com "óleo que foi consagrado na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, em março, e que será levado dentro do Ampulla, feito de ouro e fundido sob a forma de uma águia com asas estendidas".

"O Ampulla foi criado para a coroação do rei Carlos II (em 1661) pelo joalheiro da coroa, Robert Vyner, e baseia-se num vaso anterior, mais pequeno, que por sua vez se baseava numa lenda do século XIV na qual a Virgem Maria apareceu a São Tomás de Becket e lhe apresentou uma águia dourada e um frasco de óleo para ungir os futuros reis de Inglaterra. A colher de coroação de prata dourada é o objeto mais antigo em uso na coroação, tendo sido utilizada pela primeira vez em 1349 e é a única peça de trabalho de ourivesaria real a sobreviver a partir do século XII", lê-se no site oficial da família real.

Sobre o óleo, Alberto Miranda explica que aquele que vai ser usado nesta cerimónia "é um azeite perfumado" conseguido através de "azeitonas do Monte das Oliveiras, no mosteiro de Maria Magdalena, onde está enterrada a avó de Carlos, a mãe do príncipe Phillip".

"A mãe do príncipe Phillip, a princesa Alice de Battenberg, que era casada com o príncipe André da Grécia, a avó de Carlos, está lá enterrada. Portanto, estes santos óleos vão ter uma dimensão ainda mais simbólica familiar para Carlos. Este santo óleo que vai ser usado na sua unção vai transfigurar o rei, no sentido que lhe vai dar uma aura religiosa, carismática, de divindade", explica o comentador.

Depois de coroado, o monarca trocará para a coroa de Estado Imperial, criada em 1937 para a coroação do rei Jorge VI, e que teve como base "uma coroa concebida para a rainha Vitória em 1838 pelos joalheiros da coroa da época, Rundell, Bridge & Rundell". A peça foi usada diversas vezes por Isabel II em eventos como a abertura do Parlamento. 

 

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