"Está morto, nunca funcionou". Novo governo britânico cancela plano para deportar migrantes para o Ruanda

CNN Portugal , JAV
6 jul 2024, 11:16
Keir Starmer (AP)

O presidente francês, Emmanuel Macron, peça-chave para os planos de resposta dos trabalhistas à questão da imigração, terá sido o primeiro líder mundial com quem Keir Starmer conversou na quinta à noite

Keir Starmer, o primeiro-ministro eleito do Reino Unido, anunciou que vai anular o plano de deportação de migrantes para o Ruanda implementado pelo governo conservador de Rishi Sunak.

A garantia tinha sido inicialmente avançada por fontes do Partido Trabalhista ao Telegraph este sábado de manhã, dois dias depois da vitória estrondosa de Starmer nas legislativas britânicas. Segundo essas fontes, o plano "ilegal" está efetivamente "morto" na sequência das promessas do Labour durante a campanha eleitoral e o passo será anunciado assim que o novo governo tomar posse.

Ao início da tarde, Starmer confirmou o plano de acabar com a controversa política de deportação de requerentes de asilo, considerando que a medida nunca teve resultados, apesar do dinheiro investido.

"O projeto do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar", disse o novo primeiro-ministro em conferência de imprensa, após a primeira reunião do seu Governo, acrescentando: "Nunca funcionou como um fator de dissuasão. Quase o contrário."

Amplamente esperada, a medida foi um dos primeiros atos de Starmer no cargo. O plano para o Ruanda foi uma das medidas do ex-primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, para tentar impedir que os imigrantes tentassem entrar no Reino Unido através do Canal da Mancha.

Contudo, o plano foi confrontado com questões de direitos humanos e nunca conseguiu deportar uma única pessoa, apesar de terem sido desembolsadas centenas de milhões de libras num pacto com a nação da África Oriental.

O cancelamento hoje anunciado já mereceu críticas de Suella Braverman, uma conservadora da linha dura do partido e possível candidata a substituir Rishi Sunak como líder do partido.

"Anos de trabalho árduo, atos do Parlamento, milhões de libras gastas num esquema que, se tivesse sido implementado corretamente, teria funcionado", disse hoje, continuando: "Há grandes problemas no horizonte que, receio, serão causados por Keir Starmer".

A imigração foi um dos temas-chave da campanha e é uma das prioridades do novo governo, numa altura em que se antecipa para este verão um aumento das travessias de migrantes pelo Canal da Mancha, que une a ilha da Grã-Bretanha ao norte de França.

O presidente francês, Emmanuel Macron, peça-chave para os planos de resposta dos trabalhistas à questão da imigração, terá sido o primeiro líder mundial com quem Keir Starmer conversou na quinta à noite, assim que os resultados eleitorais foram anunciados.

A conversa teve lugar a poucos dias de França ter a segunda e última volta das legislativas antecipadas, marcada para domingo, com as últimas sondagens a anteciparem a vitória da extrema-direita sem maioria absoluta.

Na sexta-feira, Yvette Cooper, a nova ministra britânica do Interior, disse que uma das suas primeiras tarefas no governo será "manter as fronteiras seguras" e prometeu dar prioridade à criação de um novo Comando de Segurança Fronteiriça assim que iniciar reuniões oficiais.

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