Roly Walker avisa que há pelo menos mais três ameaças concretas para o Ocidente para lá de Moscovo, que vai sempre procurar vingança quando acabar a guerra na Ucrânia
É uma ameaça cada vez mais presente na sociedade ocidental de vários países terem vindo alertar que há uma ameaça concreta de guerra, o chefe das Forças Armadas do Reino Unido veio fazer o mesmo aviso.
Apontado há pouco tempo para o cargo, o general Roly Walker afirmou esta terça-feira que o país deve preparar-se para enfrentar uma guerra já em 2027. Três anos é tempo que o militar entende como limite para que os britânicos estejam preparados para um conflito alargado, que até pode nem vir da Rússia.
Isto porque o general entende que a Rússia é um perigo, sim, mas também o são China, Irão e Coreia do Norte que, todos juntos, “converge como ameaças geopolíticas”.
“Não estamos num caminho inexorável, mas temos mesmo, com uma urgência absoluta, de restaurar a credibilidade para garantir a dissuasão”, afirmou, à margem de uma conferência organizada pelo exército que serviu para anunciar uma série de reformas no setor.
Reformas essas que não são, garantiu, um “plano de guerra”, mas um conjunto de mudanças que vão capacitar as forças armadas britânicas de poder suficiente para dissuadir eventuais inimigos e fazê-los pensar duas vezes.
Entre os inimigos, à cabeça está a Rússia, que vai sair “muito, muito perigosa” da guerra na Ucrânia, independentemente do desfecho que a mesma venha a ter. Entende que Roly Walker que Moscovo vai procurar vingança do Ocidente, seja de que forma for.
“A lição da história é que os russos não esquecem, e eles vão voltar… a querer vingança pelo apoio dado à Ucrânia”, acrescentou.
A linha temporal de três anos não surge ao acaso. É uma convergência de fatores que só aí estará completa: a capacidade russa de reconstruir as suas forças armadas; as pretensões chinesas sobre Taiwan; a capacidade do Irão fabricar armas nucleares.
Quanto à primeira, estimam os especialistas ocidentais que Moscovo demore entre três a cinco anos a voltar a estar totalmente pronto para um conflito em larga escala, sendo que esse período decorrerá sempre após um cessar-fogo na Ucrânia.
A segunda baseia-se nas palavras do presidente da China, que quer uma “opção militar para Taiwan até 2027/28” – foi o próprio Xi Jinping que o disse.
Já a terceira parece ser mais dúbia, porque continua a dúvida instalada sobre a real capacidade do programa de armamento nuclear do Irão.
“É por isso que temos de estar neste ponto por 2027/28”, disse o general, avisando que “um problema num [país] deve desencadear uma detonação por simpatia de outro”, naquilo que é um “problema global”.
O objetivo concreto é claro: duplicar a capacidade do exército para lutar e matar até 2027 e destruir uma força inimiga com pelo menos três vezes o tamanho do Reino Unido até ao fim da década.
"Se pudermos duplicar e depois triplicar a nossa força de combate, qualquer força terrestre do Reino Unido vai ser capaz de destruir uma força pelo menos três vezes maior e continuar a fazê-lo", afirmou. É que o país tem, com 75 mil efetivos, o menor exército desde o meio do século XIX.
Embora tenha reconhecido que não é suficiente, Roly Walker lembrou que o Reino Unido também dispõe de armas altamente avançadas e mísseis de precisão com múltiplas ogivas, o que acaba por equilibrar a balança.