Covid-19: hospitais britânicos em “pé de guerra” contra a variante Ómicron

Agência Lusa , JGR
30 dez 2021, 17:57
Ómicron no Reino Unido. Foto: Tolga Akmen/AFP/Getty Images

Os hospitais também foram solicitados a identificar "espaços como ginásios ou centros de educação que podem ser convertidos para acomodar pacientes"

Os hospitais britânicos estão "em pé de guerra" contra a variante Ómicron, planeando estruturas temporárias para abrir até 4.000 camas adicionais no caso de uma onda de internamentos, anunciaram hoje os serviços de saúde.

O aumento exponencial de casos de infeção com covid-19 nas últimas semanas está a refletir-se também no número de pacientes hospitalizados, pelo que o serviço nacional de saúde (NHS na sigla inglesa) decidiu fazer preparativos para aumentar a capacidade em Inglaterra, algo que faz frequentemente no Inverno, mas em menor escala.

“Estruturas provisórias que podem acomodar 100 pacientes serão montadas nos terrenos de oito hospitais, com os trabalhos a começarem partir desta semana”, anunciou em comunicado o NHS England.

Reforço dos serviços hospitalares

Os centros temporários deverão reforçar os serviços hospitalares "se o número recorde de infeções com covid-19 levar a um aumento nas admissões e exceder as capacidades existentes", acrescenta.

Os hospitais também foram solicitados a identificar "espaços como ginásios ou centros de educação que podem ser convertidos para acomodar pacientes", com vista à instalação de até 4.000 camas.

“Face ao elevado índice de infecções com covid-19 e ao aumento dos internamentos hospitalares, o NHS está agora em pé de guerra”, afirmou o diretor médico, Stephen Powis, citado no comunicado.

Powis disse esperar "não ter de usar estas estruturas", porém lembrou que o número de pacientes que precisam de tratamento hospitalar permanece incerto, pelo que é necessário preparar para todas as eventualidades. 

Durante a primeira vaga, o NHS instalou grandes hospitais de campanha em centros de conferências e estádios, mas as estruturas foram pouco utilizadas e acabaram por ser encerrados.

Desta vez, a decisão foi criar estruturas menores nas imediações dos hospitais.

Boris Johnson mais cauteloso

Até agora, o governo de Boris Johnson decidiu esperar por mais dados e não impor mais medidas de contenção antes do Ano Novo em Inglaterra, ao contrário da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, onde estão em vigor restrições mais duras como o encerramento de discotecas e limitações nos ajuntamentos.

Confrontado com a oposição de parte dos deputados do Partido Conservador a mais medidas, o Governo tem apostado no reforço da vacinação e em estudos que indicam que a variante Ómicron representa um menor risco de hospitalização.

Mas os cientistas temem que o grande número de contágios resulte numa vaga de internamentos nos hospitais nas próximas semanas. O número de pacientes com covid-19 internados ultrapassou os 10.000 em Inglaterra pela primeira vez desde março.

Na quarta-feira, o Reino Unido registou mais de 180.000 casos adicionais em 24 horas, um recorde desde o início da epidemia em março de 2020, e 57 mortes, totalizando mais de 148.000 óbitos.

O elevado número de casos está a refletir-se também na escassez de autotestes de antigénio nas farmácias e de testes PCR em centros por todo o país, afetando trabalhadores de serviços essenciais. 

A covid-19 provocou mais de 5,41 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 na China e atualmente com variantes identificadas em vários países, a última das quais, a Ómicron, é particularmente contagiosa.

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