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Diretor TVI Norte

Quem sai da Ucrânia não chega sempre a porto seguro e isso depende apenas de todos nós

21 mar 2022, 10:09

Qualquer guerra é uma tragédia e esta tem as dimensões de um tempo em que não julgávamos nada disto possível.

A Polónia está inundada de refugiados, tal como a Roménia, a Moldova e um pouco a Hungria, que nunca teve as fronteiras verdadeiramente abertas. A Europa mobilizou-se com ajuda humanitária e casas abertas para receberem quem perdeu tudo e foge da Ucrânia, trazendo apenas uma pequena mala onde se guarda temporariamente toda uma vida. Mas isto não chega… É impressionante e até doloroso ver a desorganização do processo, o fraco envolvimento das grandes organizações mundiais e até a facilidade como as máfias se instalam para lucrarem com esta tremenda desgraça. O processo de saída do país é caótico e o que se passa depois das fronteiras deve obrigar todos a parar já e a pensar numa outra solução.

Os voluntários que aqui estão são fantásticos e a eles se deve o que de bom está a acontecer, mas não chega.

Hoje, entrar na Polónia continua a ser extremamente demorado. É o desespero de quem chega de autocarro, a pé ou de carro. Não há praticamente nenhuma ajuda nessa longa espera que está a levar milhares de pessoas a procurarem as fronteiras clandestinas onde rapidamente podem sair, mas também cair nas mãos das máfias. Na reportagem de hoje para a TVI/CNN recolhi dados suficientes para confirmar o pior dos receios; quem sai da Ucrânia não chega sempre a porto seguro e isso depende apenas de todos nós europeus. Não podemos deixar as coisas assim.

Temos que enviar ajuda, mas ela tem de chegar às pessoas. Temos que enviar autocarros e carrinhas para levar para Portugal refugiados, mas primeiro alguém tem que os identificar, acompanhar e informar. Hoje saíram desta fronteira vários autocarros quase vazios, porque ninguém conseguiu atempadamente enquadrar quem chega e disponibilizar efetivamente uma nova oportunidade de vida em Portugal. Mas isso aconteceu com franceses, belgas, alemães, italianos e muitos outros.

Dir-me-ão que se está já a fazer muito. É verdade, mas temos que fazer melhor e não sermos nós também a falhar a um povo que já tem uma gigantesca cruz para transportar.

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