Criança de nove meses estava com a mãe, que ficou ferida, num barco de migrantes que tentava aceder ao arquipélago. Autoridades alegam autodefesa
Um bebé venezuelano de apenas nove meses foi morto a tiro pela guarda-costeira de Trinidad e Tobago quando esta força abriu fogo sobre um barco de migrantes oriundo do país sul-americano.
A criança seguia com a mãe, que também ficou ferida no incidente. Num comunicado publicado no Facebook, a guarda-costeira afirma que atuou em “autodefesa”, após a embarcação dos migrantes ter efetuado “manobras agressivas” já em águas do país caribenho.
O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Keith Rowley, já lamentou o sucedido. “Expresso a minhas condolências em meu nome e de todo o nosso povo em relação à infeliz perda de vida do bebé”, pode ler-se num comunicado emitido. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ainda não reagiu ao incidente.
Vários ativistas pelos direitos humanos já denunciaram o incidente e pedem uma investigação rigorosa ao sucedido.
“Abrir fogo sobre migrantes e requerentes de asilo que se identificaram como tal deveria ser uma atrocidade. É necessária uma investigação completa que não incida só sobre as circunstâncias em torno da morte, mas também sobre um sistema migratório que autoriza o uso da força e viola sistematicamente o direito dos venezuelanos a requerer asilo”, afirma Geoff Ramsey, diretor do Washington Office for Latin America para a Venezuela, citado pelo The Guardian.
O país sul-americano enfrenta há vários anos uma grave crise económica, exacerbada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos, que tem gerado várias vagas de emigração. Muitos rumam à Colômbia, mas também ao Brasil e EUA. A Trinidad e Tobago é também um dos destinos mais frequentes. Desde 2018, cerca de 100 venezuelanos morreram a tentar fazer a travessia para o arquipélago.