"Deviam ter levado a sério quando avisámos que este homem se tinha tornado problemático". Rebecca Cheptegei foi brutalmente atacada pelo companheiro por causa de um terreno

CNN , Nimi Princewill
6 set, 09:26
Rebecca Cheptegei (AP)

Rebecca Cheptegei, a maratonista olímpica ugandesa que foi brutalmente atacada pelo companheiro, já tinha apresentado queixa na polícia. A informação foi avançada pelo pai da atleta, que culpa o governo queniano, país onde vivia, e as autoridades por não terem evitado a sua morte.

“Culpo a morte dela por negligência do governo, porque as autoridades deviam ter levado a sério quando avisámos que este homem [Ndiema] se tinha tornado problemático e estava a lutar com ela. Fizemos queixa à polícia, à Direção de Investigações Criminais, mas não tomaram qualquer medida para lhe salvar a vida”, disse Joseph aos jornalistas.

Cheptegei, de 33 anos, ficou em estado crítico depois de ter sofrido queimaduras em 75% do corpo na sequência do ataque de domingo em sua casa, no condado ocidental de Trans Nzoia. 

O comandante da polícia de Trans Nzoia, Jeremiah ole Kosiom, disse que a atleta tinha sido encharcada em gasolina pelo seu namorado, Dickson Ndiema, que invadiu a sua casa com um bidão de gasolina e lhe pegou fogo depois de um desentendimento por causa de um terreno. Ndiema, que também sofreu queimaduras, está a ser tratado num hospital da cidade de Eldoret.

Um responsável médico do Moi Teaching and Referral Hospital, onde Cheptegei estava a ser tratada, disse à Citizen TV, afiliada da CNN, na quinta-feira, que ela sofreu uma falência múltipla dos órgãos na quarta-feira.

A mãe de Cheptegei, Agnes - que falou com os jornalistas à porta do hospital na quinta-feira - descreveu-a como “uma boa criança”.

O ministro de Estado dos Desportos do Uganda, Peter Ogwang, descreveu a morte de Cheptegei como “trágica”, acrescentando que “as autoridades quenianas estão a investigar as circunstâncias em que ela morreu e um relatório mais detalhado e um programa serão fornecidos na devida altura”.

O ministro dos desportos do Quénia, Kipchumba Murkomen, afirmou num comunicado que a morte de Cheptegei era “não só uma perda para o Uganda e para a comunidade do atletismo, mas para toda a região”. Disse também que a última tragédia envolvendo Cheptegei “é um lembrete claro de que temos de fazer mais para combater a violência baseada no género na nossa sociedade, que nos últimos anos tem vindo a aparecer nos círculos desportivos de elite”.

A Amnistia Internacional do Quénia também afirmou que a morte de Cheptegei “realça a necessidade urgente de combater o feminicídio” no país.

*Niamh Kennedy, Larry Madowo e Caitlin Danaher contribuíram para este artigo

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