Autópsia e eventual medicação. Como o Infarmed vai avaliar o caso da criança que morreu em Santa Maria

18 jan 2022, 12:51

Diretora de farmacovigilância do instituto explicou à CNN Portugal os diferentes procedimentos em causa

A morte de uma criança de seis anos, domingo, no Hospital de Santa Maria, foi reportada ao Infarmed, que está agora a avaliar se está em causa uma reação adversa à vacina da covid-19.

De acordo com a diretora de farmacovigilância daquela entidade, todos os dias são recebidos casos de possíveis reações adversas à vacinação em todas as faixas etárias, sendo que as crianças são um dos grupos que mais preocupam as autoridades.

A notificação do caso desta criança está a ser tratada com a unidade local. O Hospital de Santa Maria já pediu a autópsia urgente.

O objetivo é, "o mais rapidamente possível, ter acesso a todos estes dados", sendo que estão ser feitas todas as diligências para acelerar o processo, como explicou à CNN Portugal Márcia Silva.

"A avaliação vai sendo feita para analisar em detalhe todos os dados", referiu a responsável da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.

Márcia Silva lembra que existem "diversos tipos de reações adversas", que podem ser imediatas ou tardias, em relação à toma do medicamento. A responsável explicou quais os diferentes passos a serem tomados pelo Infarmed: "Assim que a notificação é recebida, entramos imediatamente em contacto com o notificador no sentido de obter todo o historial clínico do doente", disse, falando em questões como a existência de eventual medicação concomitante, da reação em causa ou, até, da autópsia, como será o caso.

Esses dados vão ser depois submetidos à Agência Europeia do Medicamento, que engloba todas as possíveis reações adversas aos diferentes medicamentos aprovados para utilização na União Europeia.

O que se sabe sobre as reações em crianças

No caso das crianças, e de acordo com o Infarmed, a maioria das reações adversas em crianças têm sido "não graves", mas algumas são consideradas graves, o que "não implica necessariamente que haja morte ou uma alteração do estado de saúde".

"Uma simples falta à escola pode ser considerado como uma reação grave", sublinhou, apontando a existência de uma incidência de reações adversas  dos 5 aos 11 anos de 0,1 por cada mil administrações, sendo que, desses, 0,03 são casos graves e 0,07 são casos não graves.

De resto, estes são dados que estão em consonância com as entidades similares noutros países, assegura a diretora de farmacovigilância do Infarmed.

Ao todo, e de acordo com o mais recente relatório de farmacovigilância publicado pelo Infarmed, foram registadas 21.595 reações adversas em 19.648.216 doses de vacinas administradas, o que dá um caso de reação adversa por cada mil doses dadas.

Das reações adversas registadas, 6.939 foram classificadas como graves (0,4 casos por mil doses), sendo que 119 mortes foram registadas e 208 casos correram risco de vida, num total que é de 1,5% em relação ao total de reações adversas, e de 0,001% em relação ao total de doses administradas em Portugal.

Ainda segundo aquele relatório, foram registadas até ao fim de 2021 seis reações adversas após vacinação em crianças, duas das quais foram graves, num universo que à data era de 95.797 doses administradas. Neste balanço não está ainda o caso conhecido esta segunda-feira.

Refira-se que, grande parte das crianças vacinadas foram-no já este ano. De resto, se no fim de 2021 ainda não tínhamos chegado às 100 mil doses administradas a crianças entre os 5 e os 11 anos em Portugal, esse valor, de acordo com último boletim de vacinação, era já superior a 300 mil. É natural, portanto, que o número de reações adversas possa subir ligeiramente, uma vez que há muito mais crianças vacinadas.

Veja também o vídeo: Probabilidade de a morte de criança de seis anos "estar relacionada com a vacina é baixa", diz o especialista Miguel Prudêncio

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