REVISTA DE IMPRENSA. Pneumologista que lidera grupo de peritos que aconselham Executivo nas medidas a tomar para controlo da pandemia diz que testes nas farmácias deviam voltar a ser gratuitos, sob pena de se perder a noção do que está a acontecer na comunidade
A pneumologista Raquel Duarte, que lidera a equipa de peritos que aconselham o Governo sobre a pandemia, defende que os testes gratuitos nas farmácias deveriam voltar a ser implementados. O Executivo anunciou no final de abril que os testes de despiste da covid-19 realizados nas farmácias e nos laboratórios deixavam de ser gratuitos a partir de 1 de maio, tendo em conta a “evolução positiva” da pandemia no país.
Em entrevista ao jornal Público, a propósito da publicação do livro "Covid-19 em Portugal: a estratégia", da autoria do grupo de trabalho que lidera, a especialista diz que "devia manter-se a testagem comparticipada nas farmácias nos próximos tempos", dada a diminuição do número de testes feitos no país.
"Eu acho que devíamos continuar a testar", defende a especialista, explicando que o facto de apenas as pessoas sintomáticas fazerem testes à covid-19 aumenta a taxa de positividade e faz com que se perca "a noção do que está a acontecer na comunidade".
Para Raquel Duarte, a evolução da pandemia em Portugal dependerá "das interações das pessoas" e será necessário apostar na "responsabilização individual".
Sobre a vacinação dos grupos de risco, Raquel Duarte diz que o grupo que lidera propôs a administração aos idosos de uma quarta dose de reforço da vacina contra a covid-19 antes do verão, repetindo-se depois no inverno. Recorde-se que o Governo optou por vacinar os idosos com a quarta dose no final do verão.
Sobre os indicadores atuais da pandemia, a pneumologista diz ao Público que a letalidade "está controlada", mas que é importante que as pessoas "mantenham a perceção de risco".
"É também importante continuarmos a falar da ventilação e da proteção das pessoas mais velhas. E a proteção das populações mais velhas é com a vacinação e também com a limitação dos contactos se tivermos sintomas, por exemplo", defende ainda Raquel Duarte.