Mamadou Ba distinguido com prémio para ativistas de direitos humanos

Agência Lusa , BMA
24 nov 2021, 16:48
Entrevista a Mamadou Ba na íntegra

Front Line Defenders justifica distinção com dedicação de Mamadou Ba à luta antirracista

O dirigente da organização SOS Racismo Mamadou Ba foi hoje distinguido com o prémio internacional Front Line Defenders, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco.

Nascido no Senegal, Mamadou Ba tem sido uma das vozes mais sonantes e um dos rostos mais visíveis – e também mais atacados – da luta antirracista em Portugal.

Em comunicado, a Front Line Defenders, organização irlandesa de defesa dos direitos humanos com duas décadas de existência, justifica a distinção com a dedicação de Mamadou Ba à luta antirracista.

Alvo de ataques atribuídos à extrema-direita e ao movimento neonazi, Mamadou Ba recebeu, no início de 2020, uma carta com uma ameaça de morte e uma bala.

Em fevereiro deste ano, uma petição pedia a sua expulsão de Portugal e, desde junho, a sede do SOS Racismo, em Lisboa, já foi vandalizada duas vezes com cruzes suásticas e insultos racistas.

A distinção “aumenta visibilidade da causa” e "significa que a luta antirracista em Portugal não está isolada e encontra eco fora de portas”, destacou Mamadou Ba, em resposta a uma pergunta da Lusa, na conferência de imprensa ‘online’ realizada esta tarde para apresentar os premiados deste ano.

Outros vencedores

Além de Mamadou Ba, outros cinco defensores dos direitos humanos foram distinguidos: a brasileira Camila Moradia, que presta assistência a mulheres nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro; Aleh Hrableuski e Siarhei Drazdouski, por defenderem as pessoas com deficiência na Bielorrússia; Aminata FabbaChair, que luta pelo direito à terra na Serra Leoa; Sami e Sameeha Huraini, que escoltam crianças para a escola, tentando protegê-las dos ataques israelitas na Cisjordânia, Palestina; e a organização ambiental Mother Nature (Camboja).

Em comum, todos “enfrentaram várias formas de perseguição, intimidação e ameaças” e alguns foram mesmo violentados, detidos e acusados, menciona a Front Line Defenders.

Todos “responderam com dignidade, elegância e determinação”, demonstrando “uma coragem incrível”, assinala.

A distinção – diz Mamadou Ba - internacionaliza a luta antirracista em Portugal, aumentando a responsabilidade dos ativistas antirracistas, mas também colocando Portugal “sob os holofotes” mundiais.

Influência é o resultado que o ativista que promete “nunca ceder” espera desta distinção, apelando à comunidade internacional para “aumentar a pressão sobre o Estado português, no sentido de reconhecer que o racismo existe e tem consequências dramáticas na vida das pessoas”.

A cerimónia de entrega dos prémios – que geralmente decorre na câmara municipal de Dublin, a capital irlandesa, mas este ano vai realizar-se ‘online’, devido às restrições impostas pela pandemia – vai acontecer no dia 9 de dezembro, na véspera do Dia do Direitos Humanos.

Em Portugal, a SOS Racismo vai assinalar a distinção na sexta-feira, no Palácio Galveias, com a presença da diplomata Ana Gomes.

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