Biólogos descobrem nova espécie de rã no Panamá e batizam-na de Greta Thunberg

Agência Lusa , AM
11 jan 2022, 06:44
Rã Greta Thunberg (ZooKeys)

Anfíbio tem olhos negros, uma característica única das rãs de chuva da América Central, e os seus parentes mais próximos habitam no noroeste da Colômbia

Uma equipa internacional de biólogos descobriu uma nova espécie de rã numa floresta nublosa do Panamá e batizou-a de “Greta Thunberg”, em homenagem à jovem ativista sueca e aos seus esforços no combate à crise climática, foi anunciado esta terça-feira.

A rã Greta Thunberg (Pristimantis gretathunbergae sp. nov., no nome científico) ao grupo da Rã-de-Chuva do género Pristimantis, família Strabomantidae, disse à agência de notícias EFE o biólogo e diretor da associação Adopta Bosque Panamá (ADOPTA), Guido Berguido.

O artigo em que a nova espécie é oficialmente descrita e nomeada foi publicado esta terça-feira na revista científica ZooKeys da editora Pensoft.

O espécime foi descoberto por uma equipa internacional de biólogos liderada pelos cientistas Abel Batista, do Panamá, e Conrad Mebert, da Suíça, no Centro Chucantí, uma reserva privada situada na província de Darién e administrada pela ADOPTA.

A nova espécie de rã “é endémica do Panamá, só é relatada na República do Panamá e vive apenas nas altas montanhas de Darién e no centro do Panamá. Ou seja, em um habitat muito restrito e, portanto, é vulnerável à extinção”, explicou Berguido.

O anfíbio tem olhos negros, uma característica única das rãs de chuva da América Central, e os seus parentes mais próximos habitam no noroeste da Colômbia, indicaram o Ministério do Ambiente do Panamá e a ADOPTA.

As duas entidades destacaram que “a situação sombria da rã Greta Thunberg está estritamente relacionada com as mudanças climáticas”.

“A subida das temperaturas destruiria o seu pequeno habitat de montanha”, uma vez que “a região ao redor do Cerro Chucanti já perdeu mais de 30% da sua cobertura florestal nos últimos anos”, acrescentam em dois comunicados diferentes.

Outra ameaça para a nova espécie de rã é o fungo mortal quitrídio, que afeta a pele dos anfíbios.

Batrachochytrium dendrobatidis (nome científico) é o nome do fungo que provoca a doença de pele que já afeta mais de 700 espécies de anfíbios, tendo causado o declínio de populações em todo o mundo, além da extinção de quase 200 espécies.

Em 2018, a organização sem fins lucrativos Rainforest Trust comemorou o seu 30.º aniversário, organizando um leilão onde ofereceu os direitos de nomear os direitos de nomear algumas espécies novas para a ciência.

O vencedor deste leilão propôs nomear a nova rã descoberta em Darién para homenagear Greta Thunberg e os seus esforços no combate à crise climática, segundo o Ministério do Ambiente do Panamá.

“A sua ‘Greve Escolar pela Ação Climática’ inspirou estudantes de todo o mundo a realizar paralisações semelhantes designadas Fridays for the Future (Sextas-feiras pelo Futuro, em português). [Greta] impressionou líderes mundiais e o seu trabalho está a atrair outros para a ação climática”, indicou a tutela.

Guido Berguido disse à EFE que a nova espécie foi descoberta como parte do trabalho de doutoramento de Abel Batista na Alemanha, que “consistiu em fazer uma análise dos anfíbios em Darién”.

Chegar à floresta nublosa onde a rã foi encontrada envolve longas horas de viagem a cavalo através de trilhos lamacentos, subindo encostas íngremes e acampando a 1.000 metros de altitude.

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