Ucraniano era uma figura controversa no seu país e já tinha chamado as atenções dos serviços secretos no passado
Foi acusado de alta traição pelo alegado envolvimento na anexação da Crimeia, fez parte de uma lista negra da União Europeia e esteve envolvido na adoção das "leis de ditadura" impostas pelo presidente pró-russo Viktor Yanukovych para restringir a liberdade de expressão e o direito de reunião do povo ucraniano, durante os protestos conhecidos como Euromaidan. Andriy Portnov, de 52 anos, foi encontrado morto esta quarta-feira à porta de um prestigiado colégio privado em Pozuelo de Alarcón, em Madrid, depois de ter sido baleado múltiplas vezes na cabeça e nas costas por um grupo de homens.
O antigo político ucraniano era uma figura controversa no seu país. Natural de Lugansk e formado em direito, Portnov iniciou a sua carreira política ao chefiar o departamento judiciário da administração do presidente pró-russo Viktor Yanukovych, entre 2010 e 2014.
O advogado ucraniano foi instrumental para o governo ucraniano, em 2013, durante os protestos conhecidos como Euromaidan, quando dezenas de milhares de ucranianos protestaram a decisão de Yanukovych de ter quebrado a promessa de assinar um acordo que abria as portas para a entrada da Ucrânia na União Europeia.
Andriy Portnov esteve envolvido na adoção das controversas "leis de ditadura" que restringiram a liberdade de expressão e o direito de reunião do povo ucraniano, numa última tentativa do executivo de travar os manifestantes.
O insucesso de Viktor Yanukovych, bem como a anexação russa da Crimeia e o início do conflito no Donbass, obrigaram Portnov a abandonar o país, acabando por mudar-se para a Rússia e, posteriormente, para Viena, onde exerceu advocacia. Entre 2014 e 2015, viu o seu nome a entrar para a lista de sanções da União Europeia, por suspeitas de uso indevido de dinheiros públicos e por violações de direitos humanos.
Em 2018, os Serviços de Segurança da Ucrânia abriram um processo contra Portnov pelo alegado envolvimento na anexação da Crimeia. O caso acabou por ser arquivado e, em 2019, regressou à Ucrânia. Ainda assim, o antigo político, que chegou a servir tanto no exército soviético no último ano do regime, em 1991, como no primeiro ano das Forças Armadas Ucranianas, foi investigado pelos serviços secretos ucranianos devido às suas ligações com a Rússia.