Massacre de cães no Qatar choca o país a poucos meses do Mundial de futebol

CNN Portugal , FMC
22 jul 2022, 12:55

Dezenas de cães, que se encontravam abrigados num complexo industrial, foram mortos por dois homens armados

Quatro homens, dois deles armados com espingardas de caça, invadiram um complexo industrial no Qatar, depois de ameaçarem os guardas, e dispararam indiscriminadamente contra dezenas de cães que se encontravam naquele espaço. Do ataque resultou a morte de 29 cães e ferimentos em mais quatro, incluindo duas cadelas na fase final da gestação. 

O massacre, que ocorreu no passado dia 10 de julho, mas só recentemente chegou ao conhecimento público, está a chocar o país. Um grupo ativista, Paws Rescue Qatar, denunciou nas suas redes sociais o caso, questionando ainda as leis do Qatar que permitem que civis andem armados e que este tipo de ataques ocorra, apelando a que sejam implementadas regras pela defesa dos animais e uma ação coletiva para pressionar os reguladores.

Segundo os ativistas, um dos atiradores disse aos seguranças da fábrica que estavam ali para matar os cães, depois de, alegadamente, um dos animais ter atacado os seus filhos. 

"A equipa de segurança estava legitimamente assustada com os dois homens que seguravam as armas. Ainda tentaram impedir os homens de disparar contra o grupo de cães amigáveis e esterilizados, mas aperceberam-se que também se estavam a colocar em risco", descreve a associação. 

Os ativistas garantem que os animais estavam protegidos na fábrica, "com vedações altas, e nenhuma criança podia entrar para brincar perto dos cães", segundo o The Guardian

"Estes cães NÃO constituíam nenhum perigo para ninguém, eram vigiados, muito amigáveis e muito amados", defende a Paws Rescue Qatar.

Apesar dos esforços da equipa de segurança, "29 cães morreram à sua frente". "Alguns dos cães ficaram gravemente feridos. Um cachorro está no veterinário a lutar pela vida." 

O grupo de defesa dos animais acredita que estes homens, apesar de já terem sido identificados pela polícia, não serão levados à justiça. 

"Parece não haver lei aplicada, o que significa que estes monstros nunca serão levados à justiça", lamentam. 

A irmã do Emir do Qatar, Sheikha Al Mayassa bint Hamad Al Thani, condenou, entretanto, o ataque numa publicação nas redes sociais, classificando-o como "inaceitável".

As autoridades garantiram apenas que a polícia está a investigar o massacre, sem divulgar muitos detalhes. Segundo um ativista, o ataque a cães não é inusitado no país e são vários os relatos de animais usados como alvos em treinos de tiro nos últimos anos. Mas este é já um dos piores ataques no país. 

"A questão aqui é porque é que as pessoas são autorizadas a usar espingardas e armas de caça contra animais. Tanto quanto sabemos, nenhum caso jamais conduziu a uma acusação bem-sucedida", aponta um ativista citado pelo jornal britânico.

Desde o abate, as autoridades retiraram os cães sobreviventes e levaram-nos para abrigos estatais, onde estarão cerca de 3.000 cães vadios, segundo estimativas dos grupos de defesa dos animais. A Paws Rescue Qatar alerta que não lhes foi concedido acesso aos abrigos e teme, por isso, pelo bem-estar dos animais. 

Recorde-se que o Qatar vai ser palco da próxima edição do Mundial de futebol, que se realiza de 21 de novembro a 18 de dezembro.

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