PSD diz que renúncia de Sérgio Figueiredo foi o "único ato digno" na sua contratação (e não encerra a polémica)

Agência Lusa , CF
17 ago 2022, 17:52
Paulo Rangel após a reunião da Comissão Política Nacional do PSD (Miguel A. Lopes / Lusa)

Paulo Rangel defende que decisão do antigo diretor da TVI "não encerra" a questão e pede mais explicações ao primeiro-ministro

O PSD classificou esta quarta-feira a renúncia de Sérgio Figueiredo a um cargo no Ministério das Finanças como “o único ato digno” na polémica da sua contratação, mas avisou que o primeiro-ministro “ainda tem muito que explicar”.

Numa declaração aos jornalistas, no Porto, o vice-presidente do PSD Paulo Rangel defendeu que a decisão do antigo diretor de informação da TVI de não assumir o cargo no Ministério das Finanças “não encerra” a questão, classificando este caso como sinal de que o PS “está disposto a usar de uma forma impune” a maioria absoluta.

Para o PSD, é fundamental saber porque razão era Sérgio Figueiredo tão essencial se, disse Rangel, as funções para as quais foi contratado já eram asseguradas por duas entidades. É ainda necessário saber, segundo Rangel, se António Costa sabia da contratação do antigo jornalista ou se “lavou as mãos” como Pilatos.

“Eu devo dizer que o Partido Social Democrata regista a renúncia do jornalista Sérgio Figueiredo, que é, em rigor, em toda esta novela, o único ato digno que ocorreu. É preciso, no entanto, dizer que a renúncia do visado neste contrato 'sui generis', atípico e estranho não encerra esta polémica”, começou por afirmar Paulo Rangel.

Segundo aquele dirigente do PSD, “o ministro das Finanças e o primeiro-ministro ainda têm muito que esclarecer aos portugueses”.

Rangel questionou porque é que Fernando Medina “esteve em silêncio todos estes dias” e porque “nunca veio em defesa" de Sérgio Figueiredo, se a função para a qual o contratou era essencial, como foi apontado.

“Na verdade, têm também de explicar porque é que era essencial essa função. É que é preciso que se diga, não havia apenas já no Governo um centro de competências relativo, justamente, ao planeamento, à avaliação, à estratégia, à monitorização, ao acompanhamento das políticas públicas, como o próprio Ministério das Finanças, que o ministro Fernando Medina tutela e a que preside, tem um gabinete de planeamento, de estratégia, de avaliação e de relações internacionais”, enumerou.

Para o PSD, os termos do contrato têm igualmente de ser esclarecidos: “Porque é que este contrato é um contrato secreto? (…) E mais do que isso, é importante explicar porque é que, se era tão essencial, era um contrato que não tinha exclusividade. Sim, porque, evidentemente, se vamos tratar do coração das políticas públicas do governo, tem de ser alguém que esteja exclusivamente dedicado a essa tarefa”, sustentou.

A António Costa, Paulo Rangel exigiu que explique se sabia ou não da contratação de Sérgio Figueiredo e os termos em que foi feita, uma vez que, defendeu, “ninguém nomeia alguém para monitorizar e até para representar o Governo” sem conhecimento do chefe do Governo.

“Claro que o primeiro-ministro tem de saber. Ou então, das duas, uma: ou ele sabia e encolheu os ombros e lavou as mãos como Pilatos ou ele não sabia”, argumentou.

Para Paulo Rangel, “este contrato e tudo o que rodeou, todas as circunstâncias que rodearam, dão sinais de que o PS está disposto a usar de uma forma impune a sua maioria absoluta”.

Com exemplo, apontou “a retaliação” que a ministra da Agricultura está a fazer “à organização representativa dos agricultores porque não apoiou o PS” e a “escolha” do primeiro-ministro de uma “empresa para retaliar por ela falar no aumento do custo de vida e do custo da energia, em particular no contexto do setor do gás”, referindo-se à Endesa.

“O PS que se desengane porque o PSD não vai nunca deixar de escrutinar e controlar a atividade do Governo (…) O Governo não vai ficar sem o escrutínio e, mais do que isso, não vai ficar sem escrutínio nos seus tiques de poder absoluto”, afirmou.

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