PSD vai abster-se na moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega

5 jul 2022, 16:18
Luís Montenegro discursa no encerramento do 40.º Congresso Nacional do PSD (Lusa)

Partido informou que deliberação foi tomada “pela Comissão Permanente Nacional do PSD e remetida à direção do Grupo Parlamentar do PSD”

O PSD anunciou esta terça-feira que se vai abster na votação da moção de censura apresentada pelo Chega contra o Governo e que vai ser discutida esta quarta-feira na Assembleia da República.

Lembre-se que este domingo, o recém-lider do PSD Luís Montenegro adiantou não querer perder tempo com "discussões estéreis de esquerdas e direitas", nem tão pouco "de linhas verdes ou linhas vermelhas".

Montenegro adiantou querer reformar o país e apresentar alternativas ao PS mas não quis revelar a posição do PSD face à moção de censura.

Em comunicado, o PSD informa que a deliberação foi tomada “hoje pela Comissão Permanente Nacional do PSD e remetida à direção do Grupo Parlamentar do PSD”. “Informa-se que a bancada do PSD se irá abster na votação da moção de censura que será discutida esta quarta-feira”, refere a nota à imprensa.

Recorde-se que na sexta-feira, o presidente do Chega, André Ventura, anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo, uma iniciativa que está à partida chumbada uma vez que o PS dispõe da maioria absoluta dos deputados na Assembleia da República.

O presidente do Chega tinha esta terça-feira desafiado PSD e IL a votarem a favor da moção de censura ao Governo, considerando, no caso dos sociais-democratas, que só esse sentido de voto seria coerente com as palavras novo líder no Congresso.

Com o anúncio quer do PSD quer da IL de que optarão pela abstenção, o partido liderado por André Ventura deverá ficar isolado no voto favorável à censura ao Governo.

À hora de almoço, Ventura disse, que depois de ter ouvido o novo líder do PSD, Luís Montenegro, no Congresso do partido (que decorreu no fim de semana) ficou “com a convicção de que o PSD acompanhará a moção de censura do Chega”.

“Sobretudo depois do que ouvimos no congresso do PSD, de críticas reiteradas, mas sobretudo das palavras de Luís Montenegro de que tinha de ser demitido o ministro das Infraestruturas”, apontou.

Moção de Censura

No texto da moção de censura, o Chega justifica a iniciativa dizendo que o país está “perante um Governo sem estratégia” e que “os escassos meses do XXIII Governo Constitucional foram já prova bastante da sua falta de capacidade e organização”.

Em concreto, o Chega identifica três situações que o executivo “se tem mostrado incapaz de resolver: caos na saúde; crise nos combustíveis; completa falta de articulação no seio do Governo e desautorização e fragilização extrema de alguns ministros”.

E aponta que a situação em torno do novo aeroporto de Lisboa foi “a gota de água”, considerando que “por bem menos do que esta absoluta confusão institucional, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolveu a Assembleia da República na XIX legislatura”.

Chega e PSD em entrevista na CNN Portugal

Em entrevista à CNN Portugal a deputada do Chega Rita Matias tentou obter esta terça-feira uma resposta por parte do partido, mas o vice-presidente não lhe deu saída.

A deputada disse acreditar que o PSD iria "naturalmente" votar a favor da moção de censura ao Governo, enumerando alguns dos pontos em que o PSD e o Chega estão de acordo. Rita Matias disse ainda que, caso contrário, o PSD será apenas "o PSD de Rui Rio". Na mesma entrevista António Leitão Amaro, recém eleito vice-presidente do PSD, disse que partido "não é, nem será uma muleta do PS, assim como de nenhum outro partido".

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