Líder do PSD diz que quer "ir à procura de uma maioria absoluta”

Agência Lusa , PP (atualizado 08:54)
20 nov 2022, 08:30
Luís Montenegro (Lusa/Manuel de Almeida)

Luís Montenegro salientou que os socialistas “não mereceram a confiança” que tiveram com o resultado das eleições legislativas de janeiro deste ano

O presidente do PSD afirmou sábado à noite que quer ir "à procura de uma maioria absoluta” e salientou que os socialistas “não mereceram a confiança” que tiveram com o resultado das eleições legislativas de janeiro deste ano.

“Eu quero muito contar convosco e quero, mesmo muito, convosco ir à procura de uma maioria absoluta no parlamento, para termos as condições que nunca tivemos nos últimos anos de governar Portugal, como aquelas que o Partido Socialista tem hoje e que está a desbaratar”, afirmou Luís Montenegro, durante uma intervenção na cerimónia de tomada de posse dos órgãos da Distrital do Porto do PSD, em Penafiel.

O líder dos sociais-democratas criticou duramente o primeiro-ministro, António Costa, e o PS, que acusou de não estar a saber aproveitar a maioria absoluta que alcançou em 30 de janeiro.

“Doutor António Costa, de facto, é imperdoável. Como é que um partido e uma liderança tem tantas condições e é capaz de as desperdiçar de uma forma tão ligeira, às vezes mesmo tão leviana”, questionou.

“De facto, aquilo que hoje se pode dizer é que o Doutor António Costa e o Partido Socialista não mereceram a confiança que tiveram”, apontou.

Depois de ter começado o discurso a dizer que “cada vez mais” o PS, o primeiro-ministro e o Governo “andam nervosos”, tendo "razões para isso" porque o PSD “está mais forte”, Luís Montenegro atribuiu o nervosismo socialista às falhas cometidas.

O líder do PSD respondeu ainda às declarações de hoje de António Costa, que acusou os adversários políticos de não perdoarem a maioria absoluta dos socialistas, avisando que “tudo farão para comprometer essa estabilidade”.

“Aquilo que os portugueses não perdoam é um Governo onde reina a confusão, a descoordenação”, disse, deixando uma promessa, mas lembrando que não está nenhuma campanha eleitoral a decorrer.

“Nós respeitamos o mandato e vamos fazer tudo para sermos nós a merecer essa confiança, para fazer muito mais e muito melhor do que o Partido Socialista”, avisou o presidente do PSD.

PSD diz que preocupação do PM devia ser cumprir promessa de baixar custo das portagens

O presidente do PSD também afirmou  que o primeiro-ministro “devia estar preocupado” em cumprir a promessa de baixar o custo das portagens e acusou António Costa de querer “poucochinho” do processo de revisão constitucional.

“Ele devia estar apenas preocupado em cumprir a promessa que fez na campanha eleitoral, em 2015, de diminuir em 50% o custo das portagens”, afirmou Luís Montenegro.

No sábado, o primeiro-ministro afirmou que “nada” justificaria que as portagens subissem 10% no mês de janeiro.

Sobre a revisão constitucional, o líder social-democrata acusou António Costa de querer “tão poucochinho” com aquele processo.

“Nos últimos tempos em que se cruzou com a Constituição da República, [António Costa] quer resolver a questão dos metadados e quer resolver as regras em volta do estado de emergência por razões sanitárias. Tão poucochinho o doutor António Costa”, criticou Luís Montenegro.

O líder social-democrata questionou o primeiro-ministro e o PS sobre “se querem ou não querem estudar uma forma de introduzir em Portugal o voto eletrónico” e se estão de “acordo ou não em criar um conselho da coesão territorial e intergeracional”.

Montenegro quer também saber se António Costa “quer ou não continuar com o regime de nomeação do procurador-geral da República, do presidente do Tribunal de Contas, do governador do Banco de Portugal", ou se lhes quer dar "mais independência", em vez de estarem dependentes de "proposta do Governo”.

Outra questão deixada pelo líder do PSD foi se o primeiro-ministro "quer ou não quer" na saúde, na habitação e na educação que "a oferta de serviço público seja desempenhada pelos serviços do Estado, em complementaridade com o setor social e o setor privado”.

“Ou quer insistir que tudo isto tem de estar na esfera do Estado, que é aquilo que tem feito nos últimos anos. E é por isso que nós hoje temos os piores serviços públicos de que há memória em Portugal”, disse, deixando um aviso: “Se António Costa e o Partido Socialista pensam que nós apresentamos este projeto [de revisão constitucional] só para cumprir calendário, vão ter de se confrontar com todas estas propostas”.

Não vai esperar por decisão de “nenhum tribunal” sobre intromissão no BIC

O presidente do PSD avisou ainda que não vai esperar pela decisão de “nenhum tribunal” para “assacar responsabilidades políticas” relativas às acusações ao primeiro-ministro de intromissão na administração do BIC. Luís Montenegro deixou vários recados a António Costa sobre o que pretende ver esclarecido no caso da troca de mensagens e telefonemas entre o primeiro-ministro e o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa.

“Não vamos ficar à espera de nenhum tribunal para sabermos isso”, avisou.

António Costa anunciou que irá processar o antigo governador, que acusou de ter escrito um livro com mentiras e deturpações a seu respeito e de ter montado uma operação política de ataque ao seu caráter, depois de Carlos Costa ter reafirmado que houve uma “tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”.

Luis Montenegro começou por dizer que António Costa "vai dirimir as mensagens e as trocas de telefonemas" que teve com o antigo governador do Banco de Portugal, mas que vai deixar que o primeiro-ministro "faça esse combate nos tribunais”.

“Mas se o doutor António Costa pensa que é por ele próprio ter levado esse assunto para os tribunais que nós vamos deixar de assacar as responsabilidades políticas, esteja enganado porque nós queremos respostas, doutor António Costa”, avisou.

Para o líder social-democrata, é preciso saber se o primeiro-ministro "quis ou não quis influenciar o Banco de Portugal" para manter Isabel dos Santos na administração do BIC.

Luís Montenegro disse ainda querer saber se houve "uma negociata para entregar o Banif a uma instituição financeira espanhola”.

“Nós queremos saber se aquilo que o doutor António Costa andava a dizer na campanha eleitoral em 2015 sobre o sistema financeiro e aquilo que depois fez nas primeiras semanas de exercício que levaram à resolução do Banif, nós queremos saber se isso tinha uma intenção por trás”, continuou.

“Nós queremos saber se é aquilo que vem no dito, se havia ou não havia uma preparação, uma intencionalidade para criar condições para, em vez de ser vendido, o Banif fosse, como foi, oferecido ao Santander”, acrescentou.

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