Comentador deixa ainda uma sugestão: porque é que o Estado não compra pré-fabricados de madeira - como se faz nos EUA e no Canadá - que podem ser instalados rapidamente e custam cerca de 40.000€ cada?
Miguel Sousa Tavares considera que a recusa de Luís Montenegro em não debater com três partidos políticos (BE, Livre, PAN) durante a campanha eleitoral "não é aceitável". "Isto não é um debate entre partidos, é um debate entre líderes de partidos. O argumento de Montenegro poderia fazer algum sentido - a AD é uma coligação, tem dois partidos, tem dois líderes. Mas isto é falso. A AD não é uma coligação, é uma ficção porque o CDS está morto e, a menos que faça prova de vida, está morto desde há cinco anos quando não conseguiu meter ninguém no Parlamento. Foi ressuscitado pela generosidade de Luís Montenegro e porque, para efeitos de propaganda, a sigla AD diz muitos aos eleitores desse espaço político", diz o comentador na "5ª Coluna", o seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal).
Miguel Sousa Tavares sublinha que estes debates antes da eleições legislativas são "entre candidatos a potenciais primeiros-ministros, mesmo que alguns não tenham hipóteses". Com esta atitude, Montenegro "despreza os partidos que não lhe interessam nada e fica com o PCP para não dizerem que tirou toda a extrema-esquerda e porque é mais fácil debater com Paulo Raimundo - que parece um disco encravado, em cada frase diz salários e pensões - do que com Mariana Mortágua e Rui Tavares".
"Acho que ele vai voltar atrás. Isto é uma manifestação de arrogância e isso não é bom para Montenegro", conclui.
Um czar + casas pré-fabricadas de 40.000€
O comentador mostrou-se muito preocupado com o ressurgimento de barracas nas zonas urbanas, depois de todo o trabalho e investimento feito ao longo de décadas para acabar com estas habitações provisórias. "De repente voltámos aos anos 90, com barracas em Lisboa", diz, citando uma reportagem emitida pela TVI esta semana. "Temos de entrar em situação de emergência. Espero que este e a saúde sejam os temas centrais da campanha eleitoral, são os temas mais importantes."
Para Miguel Sousa Tavares, "a primazia do Governo tem de ser acolher os que nada têm, que não têm um teto". "Antes de beneficiar 17 carreiras da Função Pública e aumentar mais os pensionistas, o mais urgente é dar um teto às pessoas. É degradante como aquelas pessoas estão a viver", lamenta.
"Eu extinguia o Ministério da Habitação, que não serve para nada, e nomeava um czar para a habitação, com plenos poderes, com uma verba e que todos os anos desse conta de quantas casas fez, de quantas pessoas alojou - e que tivesse poderes sobre as autarquias." Para Miguel Sousa Tavares, a solução para o problema da habitação tem de ser centralizada em termos de organização e combate.
E deixa uma sugestão: porque é que o Estado não compra pré-fabricados de madeira - como se faz nos EUA e no Canadá - que podem ser instalados rapidamente e custam cerca de 40.000€ cada?Por outro lado,
Europa + Avenida de Ceuta + Madeira
Miguel Sousa Tavares está descrente em relação ao papel da Europa no processo de paz da Ucrânia e sobre a reunião da coligação dos países dispostos, que se realizou esta quinta-feira: "Foi mais do mesmo. Fazem estas cimeiras, Zelensky pede dinheiro e a Europa continua a investir na guerra num momento em que os EUA, Ucrânia e Rússia estão a falar de paz". O comentador entende que manter as sanções à Rússia é um incentivo ao conflito.
Deixa ainda uma crítica à Câmara de Lisboa e às obras "invisíveis" que há três meses cortam duas vias na avenida de Ceuta: "Acho isto o exemplo acabado do abuso da administração pública sobre os cidadãos".
Sobre os resultados das eleições regionais na Madeira, começa por dizer que "a Madeira é a Madeira, é o único sítio no mundo onde, com eleições sérias, o mesmo partido ganha há 50 anos". No entanto, "há coisas que dão que pensar". Uma delas é o facto de Miguel Albuquerque, que está arguido num processo-crime, não só ter ganhado as eleições como ter conseguido aumentar a sua base eleitoral.
"As pessoas já não acreditam no Ministério Público", conclui o comentador. "Ao fim de um ano, Miguel Albuquerque ainda não foi ouvido e as pessoas descreem. E aqueles que acreditam acham que não é importante e que o que é mais importante é a economia e a governabilidade - e isso é que é extrapolável para o continente", diz.
"Não basta dizer que quem está a governar tem problemas éticos. É preciso apresentar uma alternativa", afirma Miguel Sousa Tavares, sublinhando que, durante a campanha, mais do que se centrar nas questões éticas, é isso que o Partido Socialista tem de fazer, apresentar soluções.
Neste momento, a AD está melhor posicionada para ganhar? "Sim", conclui Miguel Sousa Tavares.