No jantar de aniversário do PSD, que recordou os 51 anos de história, todos os líderes foram recordados, mas houve uns mais aplaudidos do que outros
Luís Montenegro não usou a palavra maioria, pediu estabilidade; não pediu uma maioria absoluta mas insinuou que gostaria repetir o feito de Cavaco Silva, que governou durante oito anos. No discurso de encerramento do jantar que celebrou os 51 anos do PSD e que reuniu mais de 1.500 militantes e simpatizantes no Centro de Congressos de Lisboa, o presidente do partido começou por enumerar as medidas mais importantes tomadas pelo seu Governo e as áreas onde atuou, e depois concluiu: "Quem fez o que nós fizemos em 11 meses, imaginem o que não será capaz de fazer nos próximos oito anos". É que só assim "o termo de comparação vai ser mais justo, mais equilibrado", disse. "Nós [sociais-democratas] só estivemos uma vez esse tempo no poder e foi o período na história de Portugal em que mais cresceu, foi o período de maior desenvolvimento do país desde o 25 de Abril". E Montenegro gostaria de ter uma oportunidade para mostrar que é capaz de fazer o mesmo.
Esta terça-feira à noite, a história do PSD foi recordada de muitas maneiras, a começar pelas bandeiras distribuídas por todas as cadeiras e que eram cópias da primeira bandeira do partido. Houve também vídeos e canções - uma banda subiu ao palco para interpretar um medley dos vários hinos, a começar no "paz, pão, povo e liberdade" e a terminar no "deixa o Luís trabalhar". O fundador Francisco Sá Carneiro foi homenageado e todos os anteriores líderes foram recordados - sobretudo aqueles que chegaram a governar o país. Mas os maiores aplausos foram para Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite e Passos Coelho.
Francisco Pinto Balsemão, um dos líderes históricos do PSD, não esteve presente nas celebrações por motivos de saúde, mas enviou uma mensagem que foi lida ao microfone, na qual saudou os "50 anos bem percorridos" do PSD e recordou Francisco Sá Carneiro, "que foi primordial na construção de um estado democrático": "Mas há ainda muito por fazer e o nosso partido é essencial na consolidação dos ideais democratas".
Luís Montenegro agradeceu o apoio de todos, mas destacou alguns nomes. Três mulheres que estavam sentadas na sua mesa: Assunção Esteves, que foi a primeira presidente da Assembleia da República mulher; Leonor Beleza, primeira vice-presidente do PSD; e "a Carla, que eu sei que vocês já gostam tanto dela como de mim", disse, referindo-se à mulher. E um homem que não pôde estar neste jantar: "Quero pedir um grande aplauso para um grande amigo que partiu há pouco tempo e que cumpria o seu aniversário no dia do PSD. É a primeira vez que não vou poder estar com ele neste dia. Parabéns, Miguel Macedo, estarás sempre conosco".
A parte política do discurso não diferiu muito daquilo que o candidato tem vindo a dizer nos últimos dias - lançou farpas ao PS e ao Chega ("Vão ficar a falar sozinhos. Eles falam muito entre eles, nós falamos muito para o povo, que é isso que nos interessa"), recordou o crescimento económico alcançado no último ano. Salientou a "vocação reformista e transformadora" do PSD e o facto de ser um partido que acredita na livre iniciativa e tem uma "visão interclassista da sociedade". “Nós não mandamos nas pessoas, não mandamos nas empresas, não mandamos nas organizações. Olhamos para o potencial das pessoas e das empresas e tentamos tirar tudo aquilo que todos têm para dar a bem de todos.”
Entre as medidas tomadas no último ano, sublinhou a regulamentação da imigração (mais um grande aplauso), explicando que Portugal deve ser um país "que acolhe bem e integra bem aqueles que cumprem as regras, porque quem não cumpre as regras não pode cá ficar" (outro aplauso), e ainda o reforço da segurança e do policiamento, defendo as "operações policiais destinadas à prevenção a criminalidade mais grave". "A segurança salvaguarda a nossa liberdade, o nosso bem estar. A segurança é um ativo económico, faz a diferença entre um investimento ser num sítio ou noutro." Por isso, "valorizamos as carreiras, estamos a tratar dos equipamentos e das instalações dos polícias. E agravámos as penas daqueles que defendem a autoridade porque é preciso defender a autoridade daqueles que nos defendem". Outro grande aplauso.
No final, Montenegro deixou um recado já para o dia seguinte ao dia 18: "Sabemos que as pessoas podem até não concordar com tudo o que os governos fazem, mas, estando de acordo no essencial, os portugueses querem estabilidade, querem que os políticos não atrapalhem tanto a vida normal, querem que as eleições se façam de quatro em quatro anos, que haja respeito pelos resultados eleitorais, que quem ganhe governe e quem governe tenha condições para concretizar o seu programa".