"Este Governo falhou." Montenegro diz-se preparado para ir a eleições (e passa a bola a Costa e Marcelo)

António Guimarães , com Lusa
30 abr 2023, 18:21

Líder social-democrata acredita que os portugueses vão escolher o PSD para governar caso haja eleições

O presidente do PSD fez este domingo várias críticas ao Governo. Lembrando que o executivo tomou posse há apenas 13 meses, Luís Montenegro afirmou que “este Governo acabou”, apontando que essa também é a opinião de figuras dentro do PS, como é o caso do presidente do partido, Carlos César.

“A verdade é que, quando o presidente do PS afirma que este Governo tem de ser regerado, ele está a assumir que aquilo que este Governo fez foi um falhanço”, reiterou.

O líder social-democrata garante que o partido está pronto para ir a eleições, passando a decisão para duas pessoas: o primeiro-ministro e o Presidente da República. "Creio que os portugueses, se forem chamados a escolher um governo novo, escolherão outro partido para liderar o governo, e esse partido é, indiscutivelmente, o PSD", sublinhou, deixando a decisão nas mãos de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa.

“Este Governo falhou e acabou do ponto de vista do seu espaço de manobra para motivar e mobilizar a sociedade portuguesa”, insistiu, defendendo que o executivo PS “não pode ficar embrulhado em toda esta bagunça que envolve a sua atividade”.

Advertindo que “ou o Governo muda ou o país tem de mudar de Governo”, Luís Montenegro afiançou que, se houver eleições, o PSD está preparado para “assumir a condução de uma política governativa que transforme a vida das pessoas para melhor”.

“Andamos há 13 meses embrulhados em questões internas com um primeiro-ministro que já mostrou não ser capaz de ultrapassar a situação. O que é hoje uma evidência é que o primeiro-ministro perdeu a sua capacidade de liderar o Governo”, realçou.

Questionado pelos jornalistas sobre se o ministro das Infraestruturas tem condições para continuar no cargo, devido à polémica com o seu antigo adjunto, o presidente do PS respondeu que “vários ministros que estão diminuídos politicamente”.

“Há muitos que estão diminuídos politicamente e que estão frágeis, mas isso também emana da falta de autoridade e capacidade de liderança do primeiro-ministro”, apontou, acusando o Governo de não ter capacidade para mobilizar os portugueses.

O pior de três

O presidente do PSD defendeu que “o rei vai nu” e que o “pior dos três” governos de António Costa não tem emenda, tendo um dos “pecados capitais” sido o episódio do aeroporto com Pedro Nuno Santos.

Já depois da Ovibeja, num discurso no jantar do 1.º Maio dos TSD - Trabalhadores Social Democratas, em Algés, Oeiras,Luís Montenegro voltou ao ataque: “este Governo falhou, este Governo não tem emenda, este Governo acabou”.

“Hoje é um tempo e é um dia onde temos de dizer com toda a clareza que o rei vai nu em Portugal”, defendeu.

Apesar deste Governo de António Costa já não ter “mesmo emenda”, para Luís Montenegro houve “um problema” que o presidente do PS, Carlos César, ignorou na entrevista que deu ao Público.

Na entrevista, Carlos César defendeu que o primeiro-ministro deve avaliar se há ou não necessidade de “algum refrescamento” no Governo, considerando ser preciso “maior rigor e disciplina” para evitar casos como os que têm envolvido a TAP.

“Este Governo tem um coordenador - eu ia dizer um líder, mas líder não tem infelizmente - tem um coordenador ou um responsável e não é a caminho de completar oito anos que esse coordenador e responsável vai fazer diferente do que fez nos últimos sete, oito anos”, afirmou.

A questão que se coloca, para o líder do PSD, é “como é que vai mudar tudo no Governo, o tal refrescamento” com “o mesmo coordenador e responsável que a caminho de oito anos nunca foi capaz de o fazer e que com o tempo até piorou”.

“Este Governo, que é o terceiro do dr. António Costa, é o pior dos três”, condenou, referindo que o primeiro-ministro “escolheu exatamente toda a gente que queria, levou todo o partido para o Governo, inundou o Governo da máquina socialista”.

Para Luís Montenegro, “a conceção de que este país é do PS está na cabeça do coordenador do Governo e transmite-se a todos aqueles que mexem num bocadinho de poder”.

“É por isso que nos gabinetes se fazem as tonterias que temos visto porque o exemplo vem de cima quando um primeiro-ministro é desautorizado por um ministro e um e outro dizem que foi um erro de comunicação”, disse.

Na análise do presidente do PSD, o episódio com o antigo ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos sobre a solução do aeroporto de Lisboa mostrou que António Costa “não teve autoridade e passou uma mensagem a todo o Governo”.

“Há dois pecados capitais. A constituição do próprio Governo e o segundo é este. Este momento marcou um caminho de definhamento, de diminuição de autoridade política do primeiro-ministro e ele já não vai a tempo de recuperar”, defendeu.

Costa “pode tentar” porque “tem legitimidade para isso”, mas na análise de Montenegro “já não vai conseguir”.

“Eu queria muito, a bem do país, que o governo e o primeiro-ministro se conseguissem regenerar como pede o presidente do PS, mas eu acho que isso foi mais um desejo, foi mais um grito interno dentro do PS do que propriamente uma ação que vá ter uma grande consequência num futuro próximo em Portugal”, disse.

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