Estar com amigos pode aumentar o risco de contrair covid-19

18 abr 2022, 08:00
Para avaliar o impacto que o fator amizade pode ter no comportamento, os cientistas deram seguimento a várias experiências. (Pexels)

As pessoas sentem-se mais protegidas do contágio por SARS-CoV-2 quando estão junto de amigos ou familiares. Mas um estudo com várias simulações conclui que na realidade se fica mais à mercê do vírus

Estar com amigos ou familiares faz com que as pessoas se sintam menos vulneráveis ao SARS-CoV-2 do que quando estão junto de pessoas estranhas ou meros conhecidos. Mas, na verdade, isso não confere mais proteção e acaba mesmo por ter um efeito oposto, revela um recente estudo da Universidade Carlos III de Madrid, em Espanha.

Diz a investigação, publicada na revista Journal of Experimental Psychology: Applied, que o facto de as pessoas terem limitado os seus convívios sociais a eventos com amigos e familiares fez com que tomassem menos precauções de proteção, uma vez que se sentiam menos vulneráveis ao vírus por estarem junto de entes queridos.

Para Hyunjung Crystal Lee, um dos autores do estudo, “os amigos e familiares podem proporcionar uma sensação de conforto, mas é irracional e perigoso acreditar que o protegerão de ser infectado”. Para prová-lo, Lee e a sua equipa realizaram um conjunto de experiências que provam que as medidas de proteção ficam descuradas quando se está entre pessoas próximas. 

Essa tendência, a que chamamos de ‘efeito de escudo amigo’, pode intensificar uma falsa sensação de segurança e contribuir para futuras infecções”, continua o investigador, citado pelo ScienceDaily.

Amigos, amigos, infeções nem sempre à parte

Para chegar a esta conclusão, os cientistas levaram a cabo várias experiências, todas elas com um propósito: perceber até que ponto a presença de amigos impacta ou não na proteção contra o contágio. 

Numa primeira experiência, os cientistas se dividiram em dois grupos 495 participantes: um dos grupos tinha de escrever um texto sobre um amigo próximo e outro sobre um desconhecido. Os textos foram redigidos após os participantes terem lido uma notícia que dava conta de que as refeições não saudáveis podem aumentar os riscos de covid-19 grave ao passo que desinfetar as mãos e usar máscara de proteção facial reduz o risco de contágio.

Assim que leram as cartas, os investigadores notaram que as amizades próximas estavam associadas a menos comportamentos de proteção e, por consequência, a um maior risco de infeção. Até porque, depois de escreverem a missiva, os participantes puderam escolher entre comprar um alimento processado ou um item de proteção contra o SARS-Cov-2 e aqueles que escreveram sobre os amigos - e que se sentiram mais seguros contra o vírus - acabaram por escolher o alimento não saudável, mesmo tendo lido uma notícia que revelava que o consumo deste tipo de produtos alimentares aumentava o risco de doença grave após a infeção.

Para avaliar o impacto que o fator amizade pode ter no comportamento, os cientistas deram seguimento a uma outra experiência, desta vez com 262 participantes sem histórico de infeção. Os participantes tinham de imaginar que tinham sido contagiados por um amigo, por um conhecido ou por um estranho e, à boleia da infeção, tinham de comprar equipamentos de proteção. Os que tinham imaginado ser infetados por um amigo pretendiam gastar menos dinheiro em produtos de proteção nos dois meses seguintes à infeção, enquanto aqueles que imaginaram ser contagiados por um estranho tendiam a querer gastar mais dinheiro para evitar um futuro contágio.  

Na terceira experiência, conta o ScienceDaily, desta feita com 109 participantes que tinham, de facto, sido infetados com SARS-CoV-2, aqueles que tinham contraído o vírus através de amigos defendiam que eram menos propensos a ser novamente infetados do que aqueles que tinham sido infetados por conhecidos ou estranhos.

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