Miguel Albuquerque vai responder à comissão de inquérito da Assembleia Legislativa da Madeira por escrito
O secretário-geral do Sindicato da Proteção Civil afirmou esta segunda-feira que houve “alguma incompetência” e “falta de liderança” na gestão do incêndio que deflagrou em agosto na Madeira, defendendo que o ataque inicial devia ter sido feito de “forma musculada”.
Em declarações à comissão de inquérito na Assembleia Legislativa da Madeira para “apuramento de responsabilidades políticas no combate aos incêndios ocorridos entre 14 e 26 de agosto”, José Costa Velho considerou que houve “uma grande irresponsabilidade” no ataque inicial.
“Na nossa opinião, esta primeira intervenção deve ser feita logo nos primeiros minutos e tem de ser feita de uma forma musculada”, realçou, considerando que “não é com 20 e tal [operacionais] que se inicia o ataque aos incêndios”.
O secretário-geral do Sindicato Nacional da Proteção Civil reforçou que, com os meios humanos de que a região autónoma dispõe, “podia-se ter feito um ataque ampliado, musculado, que daria uma resposta com mais eficácia do que aquilo que aconteceu”.
“Muita coisa podia ter sido feita e não foi. […] Houve alguma incompetência, falta de liderança neste processo”, acrescentou José Costa Velho, em declarações na comissão de inquérito requerida pelo PS, o maior partido da oposição no parlamento da Madeira.
O dirigente sindical reafirmou ainda que a região deve ter ao seu dispor “mais dois helicópteros do tipo kamov”. Atualmente, o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira dispõe apenas de um meio aéreo, o que, para o sindicato, não é suficiente.
José Costa Velho chamou a atenção, por outro lado, para a necessidade de ouvir especialistas em proteção civil e as respetivas propostas, assim como de proporcionar melhores condições aos bombeiros profissionais.
A comissão de inquérito iniciou as audições em 29 de outubro com o secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, que reiterou que a estratégia adotada no combate ao incêndio em agosto foi correta, não havendo registo de mortos, feridos ou danos graves, sublinhando também que a região nunca recusou a ajuda externa, apesar de só ter sido ativada quatro dias após o início do fogo.
Já foram igualmente ouvidos o investigador do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil Duarte Caldeira, o antigo diretor das Florestas da Madeira Miguel Sequeira e o engenheiro geólogo João Baptista.
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, vai responder por escrito aos deputados. Até ao final do mês estão ainda agendadas audições a diversas entidades e outras serão posteriormente agendadas.
O incêndio rural deflagrou na ilha em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto".
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.