opinião
Jornalista

Destapar é de bem, mas tapar também

18 out, 14:25

Em boa e santa hora o uso da burca foi proibido no nosso querido país. O Chega levou tal chaga a votos na Assembleia da República e teve o apoio do PSD, IL e CDS. Claro que a esquerdalha votou contra porque está sempre contra o que é de bem. Acabou. Não vai haver mais mulheres tapadas da cabeça aos pés pelas ruas do nosso país colocando tudo e todos em perigo pois nunca se sabe o que esta gente que vem lá dos países dos terroristas pode esconder debaixo dos panos.

Querem estar tapadas, fiquem casa ou vão para a terra delas onde andam todas cobertas e, dia sim dia não, rebentam bombas. Claro que os comunistas (cruz canhoto) e outros istas logo viram um atentado à liberdade, à consciência e religião e defenderam que cada um deve vestir-se como desejar. Até vi e ouvi uma rapariga dizer na televisão que isto era o mesmo que, já que somos um país laico (Deus nos perdoe por aqui termos chegado), proibir alguém de usar uma cruz de Cristo ao peito. Para esta “senhora” só tenho uma palavra: pecadora. O que vale é que o Santíssimo, que tudo perdoa, talvez a salve de vir a arder no Inferno do Demo.

Mais, também vi na televisão um senhor que diz que é médico liberal e socialista, um tal Beleza, afirmar que nos devíamos preocupar com coisas mais importantes e que ele, sendo da geração do Maio de 68, era pelo “é proibido proibir”. Um médico! Um médico a dizer esta blasfémia. O Supremo nos guarde. Depois fui ver o que era aquela coisa do Maio de 68 e logo topei que o marmanjo andou nos idos 60 metido na droga, no deboche e nos bacanais em França que começaram a levar este mundo para o abismo.

É verdade que, andando eu muito pela rua, nunca vi nenhuma mulher com a tal burca, mas tenho vizinhas que já viram uma ou duas todas tapadinhas. Ficaram chocadas e cheias de medo. A dona Alzira jura mesmo que por debaixo do pano lhe foi um lançado um mau olhado que ainda hoje lhe causa dores e vozes em estrangeiro na cabeça, além de nunca mais lhe ter saído um tostão na raspadinha.

Agora que há partidos de bem que começam finalmente a zelar pelos melhores costumes, era bom que também acabassem de vez com a pouca vergonha pela forma como algumas pessoas andam por aí despidas a céu aberto. Há que acabar com as mulheres que se passeiam com saias que parecem cintos e que, como dizia o depravado José Vilhena (RIP), “só não se lhe vêem as cuecas como o estado de conservação das mesmas”. E também banir os panos que usam para fingir que lhes tapam os seios que exibem provocadoramente como se fossem monumentos. E alguns, que de tão grandes, firmes e despidos, quase nos vazam uma vista se tivermos o azar de nos aproximamos dessas devassas.

Os homens seguem-lhes os passos. Exibem corpos musculados e tatuados sob umas camisolas de manga à cava que se não as usassem era exatamente a mesma coisa. E neste Outono quente continuam a vestir calções que, de tão apertados, mais não são que montras para exibirem os seus enormes pénis, muitas vezes eretos, que quase fazem desmaiar com calores de vergonha algumas mães de família.

Sim, não basta destapar quem tudo esconde, é preciso também estar alerta com quem tudo mostra. Sim, é no meio é que está a virtude. Assim os partidos de bem continuem a olhar e a legislar sobre estes temas da maior importância e que só podem levar a que Portugal possa ser olhado como um país sério e de bons costumes.

E agora que já me alonguei, vou continuar à procura de uma casita para o meu filho. Não está fácil, ainda agora me pediram 1.600 euros por um T1 na Bobadela, que o rapaz não pode pagar porque ganha o ordenado mínimo. Coisa que os senhores dos partidos que agora estão a acabar com a pouca vergonha vão seguramente resolver logo a seguir. Haja fé.

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