Apesar de passar no crivo do Parlamento, foram várias as críticas dirigidas ao Governo por apresentar um programa que descreveram como "uma declaração de guerra" e o reduziram a um "texto tímido" e "vago"
O Parlamento chumbou, esta quarta-feira, a moção de rejeição do PCP ao programa de Governo, com os esperados votos contra do PS e do Chega, apesar de várias críticas dirigidas ao documento apresentado pelo Executivo.
A moção de rejeição do PCP, apresentada por Paulo Raimundo ainda antes de ser conhecido o Programa de Governo, logo depois de se saberem os resultados das eleições legislativas de 18 de maio, foi chumbada com votos contra do PSD, Chega, PS, IL, CDS-PP e JPP. PCP, Livre e Bloco de Esquerda votaram a favor, o PAN absteve-se.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, já antecipava o resultado, ainda antes da votação. "Está claro, depois do que ouvimos aqui, que o Chega, IL e PS são o trio que vai suportar a sua política que cheira a ‘troika’", afirmou, dirigindo-se ao primeiro-ministro.
Apesar de passar no crivo do Parlamento, foram várias as críticas dirigidas ao Governo por apresentar um programa que, segundo os vários partidos, não apresenta soluções para os problemas do país.
O PCP descreveu o texto como "uma declaração de guerra a quem trabalha"; a Iniciativa Liberal (IL) reduziu-o a um "texto tímido, vago". Ecoando as palavras anteriores de Paulo Raimundo, o Livre avisou que "este programa de Governo lembra um passado recente, onde se entendia que o país devia ser um país de salários baixos" e lamentou que o Executivo continue a apostar no "papão da imigração" - tema que marcou o primeiro dia do debate.
José Luís Carneiro, que já falou no Parlamento como secretário-geral do PS, apesar de (ainda) não o ser, disse que chegou ao final do debate "perplexo", desde logo porque o Governo insiste num cenário macroeconómico "em que mais ninguém, a não ser o Governo, ainda finge acreditar". O deputado socialista afirma que este programa "antecipa a política que a direita melhor sabe fazer: cortes nas reduções de direitos, desinvestimento no Estado social."
"Senhor primeiro-ministro, não conte com o PS para esse caminho", avisou.
No encerramento do debate, Paulo Rangel teve em conta as preocupações do PS, prometendo, em nome do Governo, cumprir todas as promessas inscritas no programa, "com boas contas e com contas certas".
"Mas não vamos chamar-lhes, à maneira enviesada dos nossos antecessores, contas certas. Vamos chamar-lhes contas justas. Porque elas são certas, mas não são cegas. Elas são justas: estão de olhos abertos para as necessidades concretas das pessoas e para o Estado social", declarou.
André Ventura, por sua vez, aproveitou a ocasião para desafiar o primeiro-ministro a comprometer-se desde já com duas medidas: "dar uma pensão digna a todos os antigos combatentes deste país" e avançar com "um grande plano para pôr a trabalhar todos aqueles que recebem subsídios indevidamente".
Repto que ficou sem resposta.